Um dos projetos mais complexos do Metrô de São Paulo está acontecendo na região da Penha (Zona Leste), que atualmente conta somente com a parada da Linha 3 – Vermelha. Até 2026, o local deve receber outras duas estações, a da Linha 2 – Verde e também a da 11 – Coral da CPTM.
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A justificativa é oferecer uma melhor conectividade nas viagens dos passageiros e acessos mais rápidos e fáceis para outras regiões da cidade. A lógica é a seguinte: com a nova parada da Linha 11 – Coral, que atualmente só tem estações em Itaquera e Tatuapé, será possível a moradores do extremo leste acessar a futura extensão da Linha 2 – Verde e, com isso, chegar à região da Avenida Paulista e à Zona Oeste muito mais rápido do que ocorre atualmente.
Da mesma forma, os passageiros da Linha 3 – Vermelha não precisarão ir até a Sé para fazer baldeação via Linha 1 – Azul até a Estação Paraíso, e somente ali acessar a Linha 2 – Verde para ir a algum ponto da região da Paulista.
O projeto inicial do complexo Penha, em contrato assinado em 2014, era de 290 milhões de reais, porém a obra só saiu do papel em 2020. Corrigidos, os valores ultrapassam os 600 milhões hoje. No total, a previsão de investimentos para a expansão da Linha 2 – Verde, que prevê abrir 8 quilômetros de túneis e oito estações, é de cerca de 9 bilhões de reais.
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Para fazer as obras do complexo Penha está sendo executado um grande projeto de engenharia que inclui o desvio temporário de um córrego e também a mudança de traçado de cerca de 200 metros dos trilhos da Linha 11 – Coral para 30 metros de onde está hoje.
O córrego é o Rincão, afluente do Rio Aricanduva, um dos principais veios de água da cidade. Em uma obra que demorou três meses, foi construído um desvio em forma de talude, de 7 metros de altura por 5 de largura, para que toda a água que passava no trecho original desse uma volta no terreno.
No local que o córrego ocupava está sendo feito justamente o principal acesso dos trens da Linha 2 – Verde que chegarão à futura estação, só que a cerca de 30 metros de profundidade do nível do solo. Ao mesmo tempo, está sendo construído um canal de concreto. Ele servirá para devolver o curso do córrego ao seu traçado natural quando a estação ficar pronta.
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Ou seja, quando estiverem saindo dos trens e caminhando rumo a uma das trinta escadas rolantes para deixar a estação, os passageiros nem imaginarão que por cima da cabeça deles estarão passando milhões de litros de água do córrego. “Nunca ocorreu uma obra desse porte. É bastante complexa”, diz Paulo Galli, secretário de Transportes Metropolitanos.
Quem comanda o projeto é o engenheiro Arlindo José Giampá, de 75 anos, 47 deles prestando serviço ao Metrô. “Não corre o risco de alagar, pode ficar tranquilo”, já se adianta, antes mesmo de ser questionado pelo repórter.
No total, a nova Estação Penha da Linha 2 – Verde terá 17 500 metros quadrados, 24% a mais do que os 13 200 da Estação da Luz. Todo esse espaço será necessário para acessar os cinco níveis diferentes, entre acessos, mezaninos e plataformas.
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Já a nova estação da Linha 11 – Coral terá 7 000 metros quadrados e 12 metros de profundidade. Será necessário fazê-la abaixo do solo para facilitar o acesso dos passageiros das duas linhas de metrô. Giampá explica que não será preciso interromper o fluxo da Linha 11 – Coral para que a obra seja concluída. Isso porque um trecho de uma rua que corre em paralelo, a Alvinópolis, mais conhecida na região pelo apelido de Radialzinha, foi interditado. No que antes era asfalto, serão instalados trilhos e dormentes provisórios para que o trem passe até que a estação esteja pronta.
As mudanças no entorno para que a grande obra pudesse ser feita não agradaram a algumas pessoas que trabalham por lá, usuários do terminal de ônibus e moradores. É o caso do taxista Reinaldo Justino da Silva, de 44 anos, coordenador de um ponto que ficava justamente na Rua Alvinópolis, na saída da escada rolante da Linha 3 – Vermelha, que teve de ocupar o outro lado da estação, a cerca de 300 metros do local original.
“É claro que ninguém vai andar tanto para procurar táxi. Já tivemos prejuízo com a pandemia. Agora, então, piorou ainda mais”, afirma.
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Publicado em VEJA São Paulo de 1 de junho de 2022, edição nº 2791