Em quase seis décadas e noventa peças, o ator Paulo Autran (1922-2007) construiu uma trajetória que serve de exemplo a cada artista brasileiro. Com o mesmo empenho dos que ajudaram a erguer São Paulo, esse carioca radicado aqui desde a infância solidificou uma carreira que transformou as feições do nosso teatro.
“Era um ator de ofício, que se cobrava a responsabilidade de estar em cartaz, um comportamento que hoje só se aproxima do de Antonio Fagundes e Irene Ravache”, afirma o diretor Eduardo Tolentino de Araújo. Autran abandonou o diploma de advogado e lançou-se nos palcos em 1949, ao lado de Tônia Carrero, em “Um Deus Dormiu Lá em Casa”. Dois anos depois, foi contratado pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), tornando-se um de seus principais astros.
Entre os clássicos de Shakespeare, Molière e Pirandello, além de flertes com o teatro político e o musical, sobrou pouco tempo — ou paciência — para o cinema e a televisão. Marcou presença no filme “Terra em Transe” (1967) e nas novelas “Pai Herói” (1979), “Guerra dos Sexos” (1983) e “Sassaricando” (1987).
“Depois de Paulo Autran e Cacilda Becker, atores e atrizes deixaram de ser considerados marginais e prostitutas”, diz o ator Juca de Oliveira. “Eles impuseram respeito não só pelo talento, mas também pela consciência profissional.” Durante as apresentações da comédia “O Avarento” (2006-2007), Paulo Autran esbanjava uma energia espantosa, principalmente para quem sabia que sua saúde estava bastante abalada por um enfisema pulmonar. Devoto do público e de seu ofício, permaneceu em cena até três meses antes de morrer, em 12 de outubro de 2007.
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VOTARAM
• Antunes Filho, diretor
• Beth Goulart, atriz
• Eduardo Tolentino de Araújo, diretor
• Juca de Oliveira, ator e dramaturgo
• Sergio Britto, ator