Uma das comédias de maior sucesso nos palcos da cidade nos últimos tempos nasceu a partir de um investimento de 400 reais de quatro desconhecidas atrizes, recém-saídas da Escola de Arte Dramática (EAD), na USP. O espetáculo “As Olívias Palitam” já reuniu cerca de 50.000 pessoas desde sua estreia, em 2005, e se encontra hoje em cartaz no Cleyde Yáconis, no Jabaquara. O grupo leva o público às gargalhadas com esquetes que tratam do cotidiano feminino e versões hilárias em português de sucessos dos anos 80 como “What a Feeling” e Total Eclipse of the Heart”. Nesses momentos, elas brincam com o fato de as adolescentes que sofriam bullying por serem altas e magras nos tempos de colégio terem virado modelo de beleza dos tempos atuais (apesar de continuarem longe do padrão de Gisele Bündchen). As estrelas do espetáculo, quase tão magérrimas quanto a namorada do marinheiro Popeye, são as paulistanas Sheila Friedhofer, de 33 anos, Cristiane Wersom e Renata Augusto, ambas de 35, além de Marianna Armellini, nascida em São José do Rio Preto (SP) há 33 anos. “Nossa empreitada só deu certo porque muitos amigos trabalharam de graça, fazendo coisas como figurino, cartazes e iluminação”, conta Sheila.
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Graças ao ótimo desempenho da peça, a história ultrapassou os limites do palco, foi parar na internet e, mais recentemente, na televisão. Há dois anos, elas criaram um blog com uma versão do show, que teve mais de 1,5 milhão de acessos e chamou a atenção do gerente de produção artística do canal Multishow, Christian Machado. Ele as contratou para a série “As Olívias na TV”, exibida desde o início de junho às quartas-feiras, às 21h30. Na transposição do enredo para a tela, sobrou apenas a essência irreverente da peça. Várias personagens e situações foram criadas, como a da mulher que espera um pretendente no restaurante e começa a divagar sobre o que vai fazer quando ele não ligar no dia seguinte. “As garotas têm um estilo de humor único e de muita personalidade”, diz Machado. Para gravar os treze episódios dessa primeira temporada, o canal investiu cerca de 25.000 reais, e já planeja uma segunda para o próximo ano.
Nas apresentações no Cleyde Yáconis, a produção começa a sentir os efeitos do apelo televisivo. Quase 300 espectadores fazem fila nas bilheterias a cada noite, garantindo a lotação da sala. A trupe continua disposta a se divertir enquanto trabalha. “Não existe nenhuma radical entre nós”, diz Marianna. No fim do ano passado, pela primeira vez, as Olívias foram obrigadas a dar um tempo. Renata, a única casada do grupo, deu à luz Bernardo, em fevereiro. Um mês depois, estava no estúdio gravando a série do Multishow. Vez ou outra, alguma delas embarca em um trabalho paralelo. Cristiane e Marianna, que integraram o “É Tudo Improviso” na Band, acertaram com a emissora participação em novo humorístico, ainda em elaboração. O foco na comédia, contudo, não é definitivo em suas carreiras. “Estamos vivendo um ciclo”, afirma Cristiane. “A gente tem a vida inteira para fazer drama.”