Surgido na Alemanha no começo do século XX, o movimento expressionista reuniu artistas interessados em extravasar a subjetividade, com constantes apelos à distorção da realidade e ao exagero das formas. Isso não significa que suas obras (e as inspiradas nelas) constituíssem pura emoção sem nenhum rigor técnico. Nesse sentido, o título da mostra “Cálculo da Expressão” é sugestivo: dá para conciliar os sentimentos do mundo interior com a precisão do trabalho artesanal. A fim de ilustrar a tese, a curadora Vera Beatriz Siqueira alinhou 64 gravuras do lituano radicado em São Paulo Lasar Segall (1891-1957), do carioca Oswaldo Goeldi (1895-1961) e do gaúcho Iberê Camargo (1914-1994). Em cartaz no Museu Lasar Segall, trata-se de uma versão reduzida da exposição hospedada pela Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, até o mês passado, que agrupava 156 itens. “Há um mundo poético, soturno, de sombras e morte, compartilhado pelos três”, diz a curadora. Mas existem, claro, as especificidades. Iberê vem de um universo mais dilacerado e menos utópico, segundo Vera. “Segall é mais erudito, forma-se na Alemanha e tem um vínculo direto com o expressionismo de lá”, explica. “Goeldi, por sua vez, aprende a técnica da xilogravura no Rio de Janeiro e possui uma forma mais rude, um gesto mais incisivo.” As peças em exibição integram os acervos do Museu Lasar Segall, da Fundação Iberê Camargo e, no caso de Goeldi, do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.