Todo dia, a cena se repete. Três artesãos — o veterano tem 33 anos de casa — se reúnem no ateliê da Il Papiro, em Grassina, para realizar um ritual que virou marca registrada da vizinha Florença: marmorizar papéis, técnica oriental milenar introduzida durante as Cruzadas, no século XI, e depois aperfeiçoada na Toscana, no século XVII. Sobre uma base feita da mistura de água e solução gelatinosa, eles espalham tintas coloridas, misturando-as com pincéis e escovas até obter um desenho. São formas enevoadas, daí a alusão ao mármore.
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O desenho é, então, estampado numa folha de 50 centímetros por 70 centímetros. Ao fim de um mês, terão decorado 2.000 folhas, uma a uma. Fundada em 1976 por Gianni Parenti e Francesco Giannini — da dinastia do marmorizador mais antigo da região italiana, Giulio Giannini & Figlio, de 1856 —, a Il Papiro se especializou no rabo de pavão. Se no passado as folhas serviram de suporte para textos religiosos e capas de romances como os da escritora Elizabeth Browning, hoje encapam desde caixas para presente até cadernos. Parte dessa leva desembarca pela primeira vez no país neste mês, numa ala reservada dentro da botica Santa Maria Novella, nos Jardins.
+ Um olhar à moda da alta-costura
Il Papiro na Santa Maria Novella: Rua da Consolação 3354, São Paulo. Telefone: 3081-0964