Há quase dois anos sob o comando da iniciativa privada, o Mercado Municipal de São Paulo, que existe desde 1933, planeja revitalizar sua área externa para tornar o espaço mais agradável para os visitantes. Desde setembro do ano passado, o Mercadão, que é um imóvel tombado, passa por obras de restauro em sua fachada externa e, em breve, na parte interna. Agora, os gestores do local querem fazer uma série de mudanças em seu entorno, com a ampliação de calçadas e o plantio de árvores.
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O plano de renovação inclui a construção de uma “área de estar”, um deque com mesas, cadeiras e bancos na entrada do Mercadão, com vista para a Avenida do Estado — cortada pelo poluído Rio Tamanduateí —, ampliação da calçada da Rua da Cantareira, reforma de todas as calçadas existentes que dão acesso ao mercado, inclusive para deixar a entrada acessível a pessoas com deficiência e cadeirantes. Ainda devem ser feitos um cercamento na Avenida do Estado, com gradis e muretas, e a implementação de um “calçadão verde”, com árvores e projeto de paisagismo. O consórcio administrador também quer instalar um monumento escrito “Eu Amo SP”.
Aldo Bonametti, presidente do conselho de administração e diretor-presidente da Mercado SP SPE S.A., concessionária que administra o Mercadão, diz que a ideia é deixar a região mais atrativa para os paulistanos e turistas, mas que é preciso uma ação conjunta com a prefeitura. “Tem uma feira que acontece das 18 horas até as 6 da manhã, que acaba obstruindo o acesso ao Mercadão, e ela não tem autorização legal, só acontece, e gera um problema de lixo na região. Então a gente está conversando com as secretarias municipais para poder tirar essa feira do entorno para que a Rua da Cantareira fique livre. O projeto do calçamento engloba também essa iniciativa do poder público. A ideia é fazer um deque, uma calçada verde, um lugar para as pessoas sentarem, conversarem, se alimentarem, com acesso direto ao mercado. O restauro deve terminar neste ano ainda, e o calçadão deve ser entregue entre três e seis meses”, diz.
O Mercado Municipal e o Kinjo Yamato, outro mercado no Centro, foram concedidos à iniciativa privada em abril de 2021, e o consórcio vai administrar o local por 25 anos. As obras de restauro e reforma dos dois locais devem custar 80 milhões de reais.
O projeto de modificação do entorno do Mercadão foi apresentado ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp), que aprovou as mudanças no dia 27 de fevereiro, mas fez algumas ressalvas. O conselho foi favorável ao plantio de palmeirasimperiais nas áreas de estacionamento, mas não ao plantio das árvores de ipê-branco que estão planejadas para a parte da frente, porque quando elas crescerem terão entre 2 e 7 metros de altura e poderão cobrir a entrada do prédio, o que prejudicaria “a visibilidade do bem tombado”.
A instalação da peça “Eu Amo SP” também não foi aprovada neste momento: ela deverá ser proposta separadamente, já que o consórcio deve explicar se será um monumento temporário ou permanente. A obra de restauração começou pela fachada externa e já está avançada. Depois, deve ter início o restauro da área interna. No ano passado, uma análise feita por uma empresa de restauração elencou problemas como infiltrações, fissuras, paredes descascadas, pichações, perda de ornamentos, estufamento em paredes e corrosão em elementos metálicos no mercado, além de azulejos faltando e pinturas de tons diversos do original.
Golpe da fruta
Para tentar coibir o “golpe da fruta”, em que vendedores do Mercadão coagem clientes a comprar frutas por altos valores, a concessionária definiu novas regras para os lojistas:
- É proibido usar facas de metal para abordar os consumidores;
- Devem ser utilizadas facas de plástico para cortas as frutas O vendedor deve ficar a 1 metro de distância do cliente;
- É proibida a aproximação de vários vendedores de um cliente de uma só vez.
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Publicado em VEJA São Paulo de 15 de março de 2023, edição nº 2832