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As melhores casas de show de São Paulo

VEJA SÃO PAULO convidou um júri para avaliar a estrutura de dez endereços. O resultado: vários acertos e algumas desafinadas

Por Carolina Giovanelli e Pedro Ivo Dubra
Atualizado em 2 jan 2017, 17h20 - Publicado em 25 mar 2011, 23h35
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  • Ainda estamos um tanto longe do segundo semestre, época em que o paulistano faz todo um planejamento para ver se terá tempo, e principalmente dinheiro, para acompanhar a frenética movimentação de shows internacionais na cidade. Há, entretanto, um “mini-novembro” se esboçando já em abril, com atrações como a dupla Roxette, o ex-Bee Gees Robin Gibb, a banda alternativa The National e o roqueiro Slash. É um bom momento, portanto, para analisar a estrutura dos lugares que abrigarão esses e outros artistas.

    + Mara Gabrilli avaliou a acessibilidade das casas

    + Shows que chegam à cidade

    VEJA SÃO PAULO avaliou as quatro mais importantes casas de shows e seis espaços de menor porte de dedicação exclusiva à música, que, juntos, somaram 1,5 milhão de espectadores em 1.800 apresentações no ano passado. Eles foram pinçados de um universo que comporta desde palcos minúsculos, em que semi-amadores atacam de voz e violão quase secretamente, até estádios que abandonam por algumas horas sua vocação esportiva para hospedar performances de astros do pop. Para se ter uma ideia do tamanho desse mercado, só em 2010 a revista publicou informações sobre 2.109 shows em 85 endereços. Houve uma seleção, que leva em conta relevância artística e popularidade e, portanto, deixa parte da programação musical de fora.

    Pelos nossos critérios, não foram considerados na avaliação desta reportagem os locais destinados a grandes espetáculos a céu aberto, como o Estádio do Morumbi ou a Arena Anhembi, usados apenas esporadicamente, nem salas onde há também apresentações de outras artes, caso do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, do Teatro Bradesco, no Bourbon Shopping, e da Sala São Paulo, dedicada apenas à música clássica.

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    Convidamos então cinco jornalistas especializados para julgá-los ao lado do repórter e crítico de música de VEJA SÃO PAULO, Pedro Ivo Dubra. Notas de 1 a 5 foram atribuídas a sete quesitos, com pesos diferentes. A deputada federal Mara Gabrilli, tetraplégica há dezessete anos e frequentadora de espetáculos, aceitou dar um depoimento sobre a acessibilidade dos endereços com capacidade para mais de 1.400 pessoas.

    OS 3 MELHORES DAS GRANDES CASAS DE SHOWS

    1º lugar – Via Funchal
    2º lugar – Citibank Hall
    3º lugar – HSBC Brasil

    OS 3 MELHORES DOS ESPAÇOS MENORES

    1º lugar – Auditório Ibirapuera
    2º lugar – Bourbon Street
    3º lugar – Teatro Fecap

    Prova de que tamanho nem sempre é documento, o Credicard Hall, a maior das grandes casas, que pode receber até 7.000 espectadores em pé, amargou a última colocação entre as quatro avaliadas. Já na noite de sua inauguração, em setembro de 1999, o cantor João Gilberto reclamou do som em uma vaiada apresentação que entrou para a história. “A casa nasceu com o estigma de problemas acústicos e nunca resolveu muito bem essa questão”, diz Jardel Sebba, editor da revista PLAYBOY e crítico musical há dez anos.

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    Apesar dos pesares e por causa do grande porte, essa categoria, em que se encaixam ainda o Citibank Hall, o HSBC Brasil e o Via Funchal, acaba saindo na frente na hora de disputar as turnês mais cobiçadas. Com os astros no cartaz, os valores de seus ingressos sobem às alturas. No ano passado, por exemplo, as duas apresentações do tenor espanhol José Carreras — tecnicamente, concertos de música erudita — chegaram a 900 reais no HSBC Brasil. “Não somos nós que oneramos o preço das entradas, mas um conjunto de fatores que envolve alta quantidade de meias-entradas, impostos, exigências dos artistas, aluguel de equipamentos…”, afirma o programador artístico Elvis Patez.

    Outro fenômeno que deixou os ingressos mais salgados nos últimos anos foi a proliferação da chamada “pista vip”, cercadinho na cara do palco. “O nosso conceito de área vip difere do estrangeiro”, afirma Sérgio Martins, crítico de VEJA. “Aqui acaba sendo apenas ficar mais na frente. No show do Blue Man Group em Nova York, por exemplo, o maior preço incluía o ‘meet and greet’, uma espécie de sessão de autógrafos com o artista, o que é verdadeiramente um serviço a mais.”

    Na lanterna do grupo dos “espaços menores”, onde não costuma existir essa história de pista vip, o point dos descolados Studio SP, no Baixo Augusta, também não agradou ao júri. No quesito atendimento, angariou apenas 1,6 dos 5 pontos possíveis. Um bom sinal de que de nada adianta o artista se esmerar em cima do palco se a brigada entrega um serviço antipático. “A melhor coisa que o Studio SP tem é a programação, que merece aplausos”, afirma José Flávio Júnior, crítico da revista BRAVO! e locutor da rádio Oi FM. “Os seguranças são grosseiros e é tarefa difícil circular pelo salão, que costuma estar lotado. Com isso, a experiência vai por água abaixo.”

    Reclamações quanto ao acesso aos endereços musicais também pipocaram entre os jurados. Se no caso do Studio SP os engarrafamentos do seu entorno boêmio no fim de semana são bastante irritantes, as grandes casas acabam se tornando alvo de queixa por causa do preço do estacionamento e da demora do valet na hora da retirada do veículo. Esse serviço não sai por menos de 30 reais (o equivalente ao ingresso de um show no Auditório Ibirapuera) e a espera pode levar até uma hora.

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    A localização e os horários dos espetáculos também foram criticados. “As casas maiores ficam longe do metrô e têm um acesso ruim por ônibus”, destaca Martins. “Além disso, realizar shows que terminem a tempo de pegar transporte público, algo corriqueiro em Nova York ou na Europa, parece impossível.”

    Ir à apresentação de táxi ou no próprio carro acaba então sendo quase sempre a opção do público. Segundo Rodrigo Demarco, diretor operacional do HSBC Brasil, o estabelecimento recebe aproximadamente 600 veículos por noite. “Temos quatro pátios de estacionamento comandados por empresas terceirizadas”, diz. “O valor de pagamento é baseado no que cobra a concorrência e na valorização dos terrenos da região.” Para tentar evitar a demorada espera na hora da saída, a casa serve café com biscoitos na esperança de que nem todo mundo vá reclamar a sua chave ao mesmo tempo. Um pouco de música para os ouvidos da plateia paulistana, acostumada a algumas desafinadas.

     

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