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O médico que criou um curso de ioga para detentos

O homeopata Cesar Deveza já atendeu mais de mil internos da Fundação Casa desde a idealização do projeto

Por Júlia Gouveia
Atualizado em 5 dez 2016, 15h49 - Publicado em 12 jul 2013, 17h53
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  • O médico homeopata Cesar Deveza não esquece a primeira vez que entrou na unidade Adoniran Barbosa da antiga Febem para dar aula de ioga aos internos, em meados de 2004. O complexo, localizado no bairro de Vila Maria, possuía diversos portões de segurança máxima, e constantemente a tropa de choque era acionada para resolver casos de rebelião.

    Ao chegar ao pátio, onde se encontravam mais de 100 garotos, Deveza começou a explicar suas técnicas e propôs um exercício de relaxamento. Quando a sessão chegou ao fim, um dos alunos se levantou em silêncio e o abraçou. “Naquele momento, percebi que estava no lugar certo e na hora certa”, lembra o médico.

    A aproximação do especialista com essa realidade ocorreu depois de uma tragédia. O médico perdeu um paciente de 17 anos, que foi morto durante um assalto por um criminoso menor de idade. “Senti vergonha por não fazer nada para evitar esse tipo de situação”, conta. Adepto da prática da ioga há mais de quatro décadas, ele viu na atividade um jeito de melhorar a qualidade de vida desses jovens.

    Começou uma série de pesquisas e entrevistas para entender quais técnicas seriam mais adequadas às necessidades dos meninos. Depois, negociou com a administração do local o início do curso gratuito. Desde então, mais de 1.000 menores já frequentaram suas aulas. “Eles têm um alto poder de concentração, pois vivem em situações de perigo”, comenta o professor. “Com o treinamento, conseguimos direcionar essa energia para algo benéfico.” 

    O Projeto Yam, como a iniciativa foi batizada, reúne hoje 35 voluntários, que dão aula em diversas unidades da Fundação Casa na capital. O próprio médico faz o treinamento dos futuros instrutores. Deveza também continua na ativa, com sessões semanais às quartas-feiras na Casa Nova Vida, na Vila Maria. “Muita gente chega até nós querendo salvar o mundo”, diz. “Nossa intenção não é salvá-los, mas dar a eles a chance de conhecer outros valores.” 

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