Eles se tornaram, há um mês, alvo de uma investigação do Paulo Eduardo Dias de Souza Ferreira, da Justiça da Infância e Juventude do Estado de São Paulo, devido aos conteúdos inapropriados de suas letras. Mas os MCs “proibidinhos”, como vêm sendo chamados os menores de idade do funk, seguem buscando novos hits com citações a sexo e drogas.
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Jefferson Cristian dos Santos de Lima, de 21 anos, o MC Bin Laden, deverá apresentar neste domingo seu novo hit, Segurança. O refrão diz: “Ô segurança, devolve a latinha do meu lança”. A música deverá ser exibida no Fantástico, da Rede Globo, em uma reportagem sobre um novo tipo de lança-perfume muito perigoso, porém muito consumido na periferia da cidade. “Não é apologia a nada, ele só canta o que vê na sua vizinhança”, conta Martins. O jovem cantor vive na Vila Progresso, na Zona Norte. “Ele é evangélico, nem toma bebidas alcoólicas, mas tem amigos e vê o que rola por aí no mundo”, diz o empresário.
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Matheus Sampaio, o MC Pikachu, de 15 anos, pretende lançar um clipe daqui a um mês. O hit se chamará Ela Quer Pau e foi gravado em Heliópolis, a maior favela de São Paulo. A música diz “’Tava no boteco/ Tomando guaraná/ Veio uma novinha/ Ela quer pau, pau”.
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Alguns artistas, porém, decidiram mudar por conta da repercussão. Daqui a um mês, MC Melody, a funkeira mirim de oito anos, lançará seu primeiro disco. O trabalho dela (em que se vestia com roupas sensuais e cantava funks com palavrões) motivou o inquérito no MP. As músicas falarão sobre família e amor. Mas a canção de trabalho será um tanto adulta, Agora Chora: “Agora chora/ A novinha cresceu/ Agora chora/ Tu viu que me perdeu”.
A investigação segue sem desfecho, por enquanto. “Até agora nenhum promotor bateu na porta da minha empresa, perguntando ou proibindo nada”, diz Emerson Martins, dono da KL Produtora, empresário dos MCs mirins mais populares da cidade.
Pedro Maia, o MC Pedrinho, de 12 anos, foi proibido de cantar em 29 de maio por conta de uma liminar da Vara da Infância e Juventude de Santana. O garoto sustentava sua mãe e três irmãos com os aproximadamente 20 000 reais por mês que ganhava nos shows. Depois da proibição, o estilo de vida tem sido bancado por sua produtora, a GR 6 Eventos. O garoto prepara um novo CD, no estilo romântico de MC Gui, que deverá ser lançado em janeiro. “Orava toda noite/ Para ter fé e esperança”, é o refrão de uma delas.
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Há duas semanas, Letícia Minacapelly, de 20 anos, e Isabella Silva, de 16, as MCs Princesa e Plebeia decidiram repaginar sua carreira. “Nossas famílias reclamaram da repercussão e a gente ficou com medo do governo nos proibir de cantar. Muitos fãs diziam que só nos ouviam na escola ou na rua porque os pais proibiam nossas músicas em casa”, conta Leticia. O próximo hit será Pá Bum, no “estilo Anitta”. A letra fala sobre uma mulher que esnoba um pretendente. Apesar de pegar mais leve nas músicas, Princesa e Plebeia seguiram sensuais, trocando carícias em clipes. “Sou bissexual e Isabella é hétero. A gente não se importa de se beijar.”
Para os pais, um aviso: você talvez não conheça os nomes acima, mas adolescentes de toda a cidade, da periferia aos Jardins, sabem muito bem quem é cada um deles.
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