O avô paterno da cantora Marina de la Riva, Fernando, rumou para Miami quando aconteceu a Revolução Cubana, em 1959. Cinco anos depois, ele resolveu se instalar no interior do estado do Rio de Janeiro. Em português, só dizia a palavra “bonitinho” — e carregada de sotaque. Nesse ambiente de saudade curada com muita cantoria e de dois idiomas se cruzando todo o tempo, cresceu Marina, apenas nascida no Rio (ela viveu na fazenda da família, na região de Campos, até os 21 anos, quando se mudou para São Paulo). Na hora de abraçar a música, a intérprete, de lado materno mineiro, não renegou a dupla ascendência, propondo um repertório bilíngue que vai de Dona Ivone Lara a Ernesto Lecuona. Três anos depois de seu bom primeiro CD, ela retorna com o DVD Ao Vivo em São Paulo, a ser lançado no Auditório Ibirapuera no sábado (4).
O registro confirma a pegada Brasil-Cuba da estreia, com algumas novidades. Entre elas, uma interpretação menos acelerada do frevo Bloco do Prazer, de Fausto Nilo e Moraes Moreira. Na companhia de um sexteto, Marina recebe o filho de 14 anos, Paulo Flecha, para tocar guitarra em Pensamiento. O próximo trabalho de estúdio não deve se restringir a um diálogo das tradições dos dois países. “Só não posso renegar a minha origem latino-americana e me privar de cantar em espanhol”, diz. “Talvez inclua compositores da Espanha, da Argentina… Ainda estou fazendo a seleção.”