Em julho de 2001, aos 17 anos, o paulistano Marcos Amaro recebeu a notícia de que seu pai, o comandante Rolim Amaro, dono da TAM Linhas Aéreas, havia morrido em um acidente de helicóptero próximo à fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Para se ocupar e tentar superar a tragédia, o filho caçula do empresário começou a trabalhar na companhia familiar, como trainee. “Foi a maneira que escolhi para enfrentar o luto”, conta. Fruto de um relacionamento do comandante Rolim fora de seu casamento, Marcos convivia com seus meio-irmãos, Maurício e Maria Cláudia, desde os 3 anos. Encontrou, no entanto, dificuldades para crescer dentro do império criado por seu pai. “Atualmente, minha relação com a família é ótima, mas na época tínhamos algumas divergências”, diz ele, que resolveu vender parte dos 15% de ações da TAM a que tinha direito — ficou com 3,5% — para se aventurar em outros negócios.
Mario Rodrigues
A Loja OpArt, na Rua Oscar Freire, que tem projeto do arquiteto Ruy Ohtake: investimento de 3 milhões de reais
Em 2004, de olho no mercado de luxo, Marcos Amaro começou a importar e distribuir pelo país óculos de grifes como a suíça TAG Heuer. Com o sucesso da empreitada, veio a vontade de montar lojas próprias, para vender diretamente os produtos adquiridos no exterior. O desejo foi aplacado em 2008 com a compra — por 40 milhões de reais — de 80% da rede de óticas Carol, uma das três maiores do Brasil. Fundado em 1997, o grupo faturou no ano passado 180 milhões de reais com suas 260 unidades, quarenta delas na capital. A meta é abrir neste ano outros sessenta pontos de venda, a maior parte deles no sistema de franquia, e ampliar o faturamento para 240 milhões de reais. “Quase todo mundo precisa de óculos depois dos 40 anos. Por isso, esse mercado nunca vai deixar de crescer”, acredita Amaro. Sua aposta no setor inclui a criação de uma cadeia de óticas focada em óculos escuros de marcas bacanas, a OpArt. A primeira unidade foi inaugurada em novembro passado, na Rua Oscar Freire. Custou 3 milhões de reais e leva a assinatura do arquiteto Ruy Ohtake — impossível não identificar os traços do autor do Instituto Tomie Ohtake nas prateleiras e no teto arredondados da loja. Até o fim do ano, outras quatro unidades parecidas deverão sair do papel.
Arquivo pessoal
O agora empresário, com o pai, aos 8 anos: órfão aos 17
Longe dos negócios, o empresário leva uma vida discreta. Mora em um amplo apartamento no Morumbi, na companhia da mulher, a designer Patrícia Heilbut, de 40 anos, e do filho Pedro, de 11 meses, de quem ficou longe pela primeira vez em meados de abril, durante uma viagem de mãe e filho à Disneylândia. O herdeiro de Rolim Amaro pula da cama às 6 horas e chega ao escritório, no Itaim, por volta das 7. As duas horas seguintes são devotadas à leitura — atualmente ele se dedica a obras dos alemães Friedrich Nietzsche e Immanuel Kant. Abandonou o curso de economia da Faap no 2º semestre e toma aulas particulares de filosofia três vezes por semana. O expediente no escritório termina invariavelmente às 18 horas. Ele afirma preferir concertos de música clássica a bares e baladas e quase sempre pode ser visto de camisa social, sapatos — sem meias — e óculos vintage. “Não gosto tanto de aviação como meu pai”, diz. “Mas tenho planos de ter uma companhia de aviação executiva.”