Marcada para a tarde deste sábado (22), a segunda grande manifestação contra a Copa do Mundo neste ano fechou mais cedo a tradicional feirinha da Praça da República e terminou com atos de depredação e 260 detidos. Eles foram levados para quatro distritos policiais, entre eles o 78º DP e o 3º DP. Na manhã deste domingo (23), todos os detidos foram liberados, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.
O evento começou pacificamente às 17h. Na porta da estação República do Metrô, todas as mochilas eram revistadas. O grupo que, segundo a PM, tinha cerca de 1 200 pessoas, passou pela Avenida Ipiranga, desceu a Rua da Consolação e chegou ao Teatro Municipal. Após o percurso tranquilo, houve um princípio de tumulto e a massa se dispersou. Na descida da Rua Xavier de Toledo, a polícia cercou e isolou os manifestantes, entre eles representantes dos black blocs. De acordo com relatos de participantes, foi uma ação-surpresa, antes mesmo dos atos de depredação.
Por volta das 19h, mascarados passaram a quebrar portas de agências bancárias e a pixar muros. Três viaturas da Tropa da Choque foram, então, deslocadas para a frente do Teatro Municipal. No confronto, cinco policiais ficaram feridos, assim como um fotógrafo e dois manifestantes – de acordo com informações divulgadas no Twitter da própria PM.
Um representante do jornal O Globo disse para a reportagem que passou por uma revista violenta. Pelo menos mais dois jornalistas, do portal G1 e do jornal Folha de S.Paulo, e dois fotógrafos afirmaram ter dado explicações para a PM por cerca de meia hora. Além disso, um policial militar chutou a câmera de VEJA SÃO PAULO, quebrando a lente do equipamento e ferindo a mão do repórter cinematográfico.
Segundo o advogado Andre Zanardo, que faz parte do coletivo Advogados Ativistas, todos os manifestantes detidos foram fotografados e tiveram seus dados pessoais coletados. Um único boletim de ocorrência foi produzido, com acusações de lesão corporal, resistência, desacato, porte de arma, dano qualificado e ameaça. “Estamos vivendo um estado de excessão. A polícia exige que os manifestantes se identifiquem e age sem identificação. Estão fazendo um catálogo de pessoas para as próximas manifestações”, afirmou.
O major Larry Saraiva, do 11º Batalhão da Polícia Militar, fez uma avaliação positiva da ação no protesto: “Foram apenas dois manifestantes e cinco policiais feridos”. De acordo com Saraiva, a polícia agiu quando percebeu a ameaça e início de depredação. “A ordem é impedir que agissem. Fizemos imagens e vamos avaliar quais ações devem ser aperfeiçoadas”, concluiu.
Primeira manifestação contra a Copa foi em 25 de janeiro
Em janeiro, no aniversário de São Paulo, mais de 23 000 pessoas confirmaram presença no “Primeiro grande ato em 2014 contra a Copa” no Facebook e trinta delas acamparam no vão do Masp. Os manifestantes levavam faixas com frases como: “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” e “Fifa, go home!”. O dia terminou em depredação, 146 pessoas detidas e um rapaz gravemente ferido.