“Minha lágrima não pode ser em vão.” É assim que a advogada trabalhista Marisa Rita Riello Depmann, 50 anos, quer transformar a dor de ter perdido o filho Victor Hugo, 19 anos. O rapaz, estudante de Rádio e TV da Faculdade Cásper Líbero, foi morto com uma bala na cabeça na última terça (9), quando retornava do trabalho, às 20h55. Ele estava no portão do edifício onde morava, no bairro do Belém, na Zona Leste. O bandido que se apresentou à polícia no dia seguinte tem 17 anos – e completará 18 neste sábado, dia 13. Em função disso, cumprirá medida sócio-educativa na Fundação Casa. “Vou lutar todos os dias da minha vida para a redução da maioridade penal”, diz Marisa. “Esse monstro pode cometer a mesma coisa daqui a alguns meses.” No Reino Unido, a maioridade penal é de 12 anos. Na Holanda, 14. Em países como Portugal, Bélgica e Chile, um adolescente de 16 anos que cometer um crime vai para a cadeia comum. Leia, a seguir, trechos da entrevista com a advogada.
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Por que entrar nessa discussão? Minhas lágrimas e dor não podem ser em vão. Um garoto de 17 anos mata meu filho na porta de casa com um tiro na cabeça e vai para a Fundação Casa, lugar em que ele já tinha passagem. Alguém realmente acha que ele passar três meses lá dentro, que para mim vai ser uma temporada de férias, o fará uma pessoa melhor?
Qual é a idade ideal para um infrator ir para o sistema penitenciário? Acredito que 16 anos. Meu filho era um menino alegre, adorava jogar futebol e tinha muitos amigos. Ele vai me dar forças para lutar todos os dias para que o governo que reduza a maioridade penal. Estamos vivendo problemas sérios de segurança, com bandidos que deveriam estar presos matando impunimente. Esse monstro que matou meu filho mora numa favela que fica a quatro quarteirões de casa. Nada será mudado caso a sociedade não vá às ruas para exigir mais segurança. E, como prova meu caso, segurança implica em reduzir a maioridade penal.
O bandido agiu brutalmente? Esse animal estava o tempo todo com a arma apontada na cintura do meu filho, como mostram as imagens do sistema de segurança do meu prédio. Depois de levar o celular Samsung Galaxy S2 dele, sem que meu filho demonstrasse reação alguma, ele queria levar a mochila. Mas não terminou e disparou uma bala na cabeça do Victor. Nessa hora, ele era adulto suficiente para saber o que fazia. Redução de maioridade é uma assunto urgente para o país.