Representante brasileiro na Bienal de Veneza de 2009 e um dos grandes fotógrafos do cenário contemporâneo do país, o paraense Luiz Braga exibe a partir de quarta (20), na Galeria Leme, a mostra “Nightvisions”. Para quem ficou conhecido pelo uso sublime e criativo de cores saturadas, a nova série, começada há seis anos, impressiona por apostar num estilo diferente. Inicialmente um adepto dos métodos analógicos, Braga comprou uma câmera digital em 2004, até então evitada pelo aspecto ascético, a seu ver, das imagens. Fazendo experimentações com ela, descobriu um filtro de infravermelho que permite realizar registros no escuro. Utilizou, então, a ferramenta durante o dia, e o resultado é um tom verde semelhante ao de antigas gravuras feitas com técnica de água-forte. “As fotos logo me lembraram as cenas noturnas transmitidas pela televisão na Guerra do Golfo”, diz.
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Houve também uma mudança temática. No caso, uma aproximação com a paisagem amazônica. “Apesar de eu ter crescido em Belém, minha produção nunca foi centrada na floresta”, afirma ele. “A natureza aparecia aqui e ali, mais como coadjuvante. Desta vez, mergulhei na Amazônia.” Nas dezenove obras surgem árvores, igarapés e cachoeiras, além de barcos e crianças brincando. Há, ainda, algumas fotos clicadas em outros locais ao longo de viagens, a exemplo de Paris e do Rio de Janeiro. A escolha do monocromático representou ainda um desafio operacional: o artista estudou o efeito da luz de cada hora do dia. “Nesse equipamento as tomadas são lentas, e o processo acabou deixando meu trabalho mais plácido”, analisa.