Em 2010, o paulistano Leandro Badi cursava o 1º semestre de direito na PUC quando resolveu passar as férias na Europa com dois amigos. A proposta era visitar oito países em um mês, mas um acidente alterou esse plano. Na terceira parada do roteiro, em Amsterdã, na Holanda, enquanto almoçava sentado a uma mesa na calçada, um homem de 36 anos se jogou do 3º andar de um prédio e caiu sobre ele. O impacto fraturou a coluna de Badi na região toracolombar, deixando-o sem movimentos da cintura para baixo.
“Passei os primeiros sessenta dias na cama do hospital, perdi 15 quilos e tive de aprender a sentar de novo”, explica. Depois de duas cirurgias e muita fisioterapia, o garoto conseguiu retomar o fôlego, terminar a faculdade e dar seus primeiros passos na vida profissional. “Não há prazer maior do que ter superado esses obstáculos.”
No ano passado, Badi resolveu encarar mais um desafio. Após acompanhar na internet alguns vídeos do chamado paraskate (conhecido como WCMX no exterior), modalidade esportiva que é um misto de bicicross com skate realizada sobre cadeira de rodas, ele foi em busca de uma empresa que adaptasse seu equipamento.
No Brasil, só a Jumper Wheelchair, em Rio Claro, faz esse tipo de serviço. As peças custam a partir de 8 000 reais e vêm com amortecedores e rodas reforçadas. Como são poucos os cadeirantes que conhecem o esporte, o administrador, de 26 anos, começou a divulgar seus primeiros passos em um perfil no Instagram, batizado de Faca na Cadeira.
“Vídeo de tombo acaba dando mais visualizações”, brinca ele, que tem frequentado aulas em São Caetano. Considerado o melhor da modalidade, o americano Aaron Fotheringham é o único atleta que consegue dar dois mortais no ar. Para Badi, o sonho, por enquanto, é participar dos campeonatos internacionais, como o que está marcado para abril, na Califórnia, nos Estados Unidos, e sair sem nenhum arranhão.