Planejada para ser uma alternativa barata aos altos preços cobrados nos terminais, a lanchonete popular do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, tem pão de queijo a 2,50 reais e café expresso por 2,90 reais, os mais baratos que se pode encontrar por ali. Mas também cobra 12 reais por um croissant com queijo e presunto e 7,25 reais por um capuccino – os mesmos valores que o passageiro encontra em qualquer outro lugar da praça de alimentação do aeroporto.
Inaugurada em junho, a loja BC Express fica no subsolo de Congonhas, de onde saem os táxis do desembarque. São quinze itens vendidos a preços mais baixos, estabelecidos pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), estatal que administra o aeroporto. Mas não há nenhum indicativo que aquela lanchonete em especial venda mais barato que as outras, o que acaba não atraindo o passageiro para o espaço. Além disso, o cardápio é um só para os lanches caros e os chamados populares. Mistura, por exemplo, a água mineral 500 mililitros por 2,90 reais (como manda a lista da Infraero) uma minipizza vendida a 18,90 reais.
Também há algumas pegadinhas no cardápio. Em contrato, a Infraero determina que a lanchonete venda “refrigerante em lata” por 3,60 reais. A BC Express cumpre – mas a lata desse preço é a tamanho mini, de 250 mililitros. Pelo refrigerante tamanho normal, de 350 mililitros, cobra-se 5,90 reais. É um valor praticamente tabelado em todos os cafés e restaurantes do aeroporto. Só a Casa do Pão de Queijo, na área de check-in, consegue cobrar mais caro: 6 reais pela lata.
O lugar onde se encontra o refrigerante mais barato de Congonhas fica, na verdade, a poucos passos da lanchonete popular. Uma máquina de salgadinhos e bebidas no subsolo vende latas por 4 reais.
A vendedora Léa Morais, de 38 anos, que estava em Congonhas esperando um amigo chegar de viagem, disse que não sabia que aquela loja onde parou para tomar uma água era a lanchonete popular. “Não reparei se era mais barata ou mais cara que as outras, acho os preços todos absurdos”, diz. “Se aqui realmente fosse mais barato estaria lotado, não?”.
De acordo com a Infraero, “estão previstas punições, incluindo advertência e multa” caso a lanchonete não cumpra o que foi estabelecido em contrato. Esses valores cobrados hoje, porém, devem ser reajustados em um ano. A estatal diz ainda que a empresa não é obrigada a manter um cardápio separado com os itens mais baratos.
Projeto
Lançado em janeiro de 2012 pela Infraero, o projeto das lanchonetes populares em aeroportos começou com a de Curitiba, inagurada em julho do ano passado. Depois, vieram as de Salvador, Recife, Santos Dumont (Rio), Porto Alegre, Natal e Londrina, além de Congonhas. A próxima será no Galeão (Rio).