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José Luiz Egydio Setúbal deixará a Santa Casa

Atual provedor da instituição, ele decidiu não concorrer a um novo mandato. A próxima eleição será em abril

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 fev 2017, 16h15 - Publicado em 22 fev 2017, 13h30
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  • Após brigas políticas e nove stents no coração, o pediatra José Luiz Egydio Setúbal anunciou nesta quarta-feira (22) que não concorrerá à reeleição na Santa Casa de Misericórdia. Assim, deixará o cargo de provedor no dia 28 de abril, quando seu mandato chega ao fim.

    Segundo ele, a decisão é pessoal. Além dele, o vice-provedor, Eduardo de Almeida Carneiro, e o superintentende José Carlos Villela, também devem deixar seus cargos no fim do mandato, por decisão própria.

    Herdeiro do Banco Itaú, Setúbal estava no comando da instituição desde julho de 2015, quando o local passava por uma grave crise, com dívidas de 440 milhões de reais. Em 2014, o pronto-socorro chegou a ser fechado por falta de recursos. Ele tirou o hospital da UTI financeira, mas continuou enfrentando vários outros problemas operacionais. No fim de 2016, cirurgias não emergenciais haviam sido canceladas e os estoques estavam sem diversos tipos de remédios.

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    Em dezembro, a Santa Casa assinou um contrato com a Caixa Econômica Federal para receber uma linha de crédito no valor de 360 milhões de reais. O dinheiro serviria para reestruturar e dar um fôlego à gestão. 

    O senhor tinha um projeto de ficar cinco anos no comando da Santa Casa. Por que mudou de planos?
    Meu plano era de um prazo maior, não foi uma decisão fácil de ser tomada e estou triste. Ocorre que na Santa Casa existe muita disputa política, algo que desgasta demais. Há duas diretorias: a voluntária e a profissional. A primeira interfere na segunda, tirando uma liberdade fundamental de funcionamento.

    O senhor deixou de fazer algo em função dessa disputa?
    A mesa voluntária era da chapa do antigo provedor (Kalil Rocha Abdalla, investigado por improbidade administrativa). Ela aprovou questões operacionais, como o empréstimo. Outras fundamentais, não, caso da criação de um novo código de ética e de regras de compliance. A Santa Casa deveria funcionar com um grupo de conselheiros. De certa maneira, eu me cansei. Minha saúde sofreu muito.

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    O que aconteceu?
    Assumi a Santa Casa em junho de 2015. Desde então, coloquei nove stents no coração. Havia uma pressão de familiares e amigos para eu não disputar uma nova eleição. Viajo neste mês para comemorar 25 anos de casado, e na volta irei ver meu cardiologista. Talvez ainda tenha de colocar um décimo stent.

    Qual será o seu legado?
    Eu me sinto cumpridor do meu objetivo de colocar a entidade nos trilhos. Reduzimos a folha de pagamento (de 11 000 para 8 000 funcionários) e obtivemos um empréstimo que nos deu um fôlego para pagar credores e pagarmos a dívida com juros menores. A Santa Casa, hoje, é menor.

    O que lhe deixa frustrado por não ter conseguido fazer?
    Ter implantado um novo estatuto para melhorar a governança da Santa Casa. Fizemos, mas ele não foi aprovado na mesa voluntária.

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    A eleição acontecerá em abril. O senhor apoiará alguma chapa?
    Apoiarei a chapa de Antônio Penteado Mendonça (advogado). Por enquanto, não há uma chapa opositora.

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