O Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Estado da Saúde prometeram repassar, somados, 7 milhões de reais para o Hospital São Paulo, que enfrenta grave crise financeira e reduziu o atendimento. Na quinta (18), o centro médico, administrado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), suspendeu as internações eletivas – aquelas que não são consideradas de emergência. A suspensão será reavaliada em reunião do Conselho Gestor, na Vila Clementino, Zona Sul, nesta sexta (19).
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A situação do hospital pode piorar na próxima segunda, quando os médicos residentes que atuam no local realizam assembleia para votar se iniciam ou não uma grave. De acordo com o sindicato que representa a categoria, mais de 1 000 profissionais podem cruzar os braços para reivindicar pela melhoria nas condições de atendimento à população.
José Roberto Ferraro, superintendente do Hospital São Paulo, disse que a verba extra reabre a chance de retomar os serviços suspensos – que correspondem a cerca de 50% das 2 200 internações mensais do hospital.
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Segundo o secretário estadual da Saúde, David Uip, a liberação de 3 milhões de reais dos cofres paulistas está condicionada à volta imediata das internações eletivas. “O hospital compõe o quadrilátero dos hospitais mais importantes de São Paulo”, disse. Ainda não há data para o repasse. O centro médico cobre área com 5 milhões de habitantes.
Já o MEC, segundo a Unifesp, prevê direcionar 4 milhões de reais pelo Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Essa verba é usada na compra de insumos e materiais.
Pelo Rehuf, o hospital recebeu neste ano 595 000 reais, em aportes emergenciais. O repasse ordinário – que costuma ocorrer até maio – ainda não havia sido feito. O MEC nega atraso, alegando que não há data fixa para envio da verba. Em 2014, o hospital recebeu 28,9 milhões de reais pelo Rehuf.
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“A greve do servidor público federal também piorou a situação”, disse Ferraro. A paralisação, iniciada em maio, afetou principalmente a enfermagem.
Financiamento
O déficit mensal do hospital é de cerca de 2,5 milhões de reais, desde 2012. São necessários empréstimos para bancar parte dos salários de terceirizados, por exemplo. “Nossa dívida bancária está em torno de 90 milhões de reais”, disse Ferraro. De acordo com ele, também há sobrecarga da urgência e emergência por causa da “desorganização” dos outros equipamentos públicos de saúde.
Sobre a crise da unidade, David Uip criticou o Ministério da Saúde. “O único hospital federal (de São Paulo) deveria andar muito bem com o financiamento”, disse. Por ano, o estado repassa 56 milhões de reais ao hospital. Em 2014, ainda houve verba emergencial de R$ 5 milhões, para manter o pronto-socorro.
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O Ministério da Saúde informou que envia 158 milhões de reais anuais ao hospital e que os repasses estão em dia. Também afirmou que uma portaria, de março, vai garantir repasse extra de 12 milhões de reais em 2015.
A pasta ainda rebateu as críticas de Uip e disse que o hospital atende pelo SUS por “contrato firmado pelo gestor estadual, que complementa o financiamento”. Segundo o ministério, o “compartilhamento de responsabilidades” entre as gestões é previsto na legislação do SUS. Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.