Não havia dúvida de que o drama Hell, em cartaz no Teatro Popular do Sesi, seria construído sob medida para o talento de Bárbara Paz. Dirigida pelo cineasta Hector Babenco, seu marido, a atriz brilha no palco. Escrito pela francesa Lolita Pille e adaptado por Babenco e Marco Antônio Braz, o romance ‘Hell — Paris 75016’ exige virtuosismo de quem vai interpretar sua protagonista. Na pele de uma garota fútil e arrogante, Bárbara aproveita a chance, garante o interesse e justifica a montagem.
A transposição do livro, uma espécie de diário, peca ao manter a linguagem em primeira pessoa. Numa aposta verborrágica, a personagem destila preocupações com roupas de grife e ainda sofre depois de noitadas sem limites. Mesmo após a entrada do inexpressivo ator Ricardo Tozzi (no papel de Andrea), o excesso narrativo se mantém e compromete a encenação. A opção de mostrar de forma praticamente unilateral o relacionamento entre Hell e o playboy Andrea, tomado pelo desespero e imerso em drogas, deixa clara a ausência de maior preocupação cênica. Faltou mais teatro. E isso fica evidente no momento em que o teatro realmente se faz: no belo monólogo final, quando Bárbara conta a história da ópera ‘La Traviata’ e simula uma relação sexual.
AVALIAÇÃO ✪✪