Depois de experimentar um navegador de bordo em São Paulo, fica difícil para o motorista imaginar a vida sem ele. Um locutor soprando o caminho certo em tempo real? Nada mau para uma cidade com 47 000 ruas. Você gruda o navegador no pára-brisa (pela haste com ventosa), digita o endereço para o qual quer ir e, em menos de três minutos, o aparelho calcula a rota e começa a tagarelar, em português: “Vire à direita a 200 metros”, “Vire à esquerda” e, depois de um tempinho ou um tempão, dependendo da distância do seu trajeto, a voz masculina de saguão de aeroporto avisa: “Você chegou ao seu ponto de destino”. Nessa hora, uma vencedora bandeira quadriculada aparece na tela de 3,5 polegadas. Pelas dimensões, o aparelho do Guia Quatro Rodas, publicado pela Editora Abril, lembra um palmtop. A diferença é que carrega em seu interior um GPS, o sistema de localização via satélite. Com lançamento previsto para esta segunda-feira, custa 2 299 reais. Além de indicar o caminho e mostrar a próxima rua na qual se tem de virar, o mapa calcula a distância e o tempo até o destino. O motorista pode escolher a rota por caminhos mais rápidos (vias expressas) ou mais curtos (pelos bairros). Infelizmente, ao contrário do que ocorre em outros países, o sistema ainda não consegue exibir pontos de congestionamento. “Para isso, precisaríamos que órgãos de trânsito como a CET fornecessem essas informações em tempo real”, explica Antonio Campos, redator-chefe do Núcleo Turismo Digital, da Abril, responsável pelo desenvolvimento do GPS. É possível, entretanto, assinalar as vias pelas quais você não quer passar de jeito nenhum. Quando o motorista erra, o navegador refaz o caminho, dando rapidamente novas orientações. Estima-se que existam 4 milhões de aparelhos portáteis de GPS na Europa e 1,3 milhão nos Estados Unidos. Só neste ano, a China deve produzir mais 9 milhões de equipamentos para atender ao mercado mundial. Por aqui, o negócio está engatinhando. Além do Guia Quatro Rodas, pelo menos duas outras empresas estão lançando navegadores portáteis. A diferença está no conteúdo. O GPS do Guia Quatro Rodas traz todos os restaurantes e hotéis da publicação, o roteiro mais completo e respeitado do país. Lista ainda aeroportos, postos de gasolina, supermercados, delegacias e oficinas mecânicas. “Em comparação com os receptores de GPS da Europa, os brasileiros são menos precisos”, diz o engenheiro cartógrafo Edvaldo Simões da Fonseca Junior, da Universidade de São Paulo. “Enquanto em nosso sistema a margem de erro é de 15 a 20 metros, por lá não passa de 5 metros.” O aparelho abrange ainda cidades do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e Paraíba. São setenta ao todo. Foram mapeados trechos das principais estradas paulistas, como Anhangüera, Bandeirantes, Dutra, Fernão Dias e Anchieta–Imigrantes. A partir do próximo ano, serão vendidas atualizações de aumento de abrangência e de pontos de interesse – hoje são 14 000. O Contran não proíbe o uso do aparelho. O recomendado, no entanto, é o motorista guiar seguindo as orientações feitas pelos comandos de voz, prescindindo da utilização do mapa na navegação.