Quando inaugurou a Brasserie Paulista, na Praça Antônio Prado, no centro, em 1902, o milanês Vittorio Fasano recebia figurões da sociedade que chegavam ao local em charretes. Começava aí a trajetória daquela que se tornaria a maior grife da boa mesa brasileira. Ela é apresentada nos livros Fasano 100′ Anni di Gastronomia e Fasano 100′ Anni in Brasile (Editora DBA, R$ 130,00), organizados pelo restaurateur Rogério Fasano, bisneto de Vittorio. Os dois volumes, que serão vendidos juntos em uma caixa, chegam às livrarias no fim de outubro. “Rogério optou por substituir textos por fotos históricas e receitas das casas do grupo”, conta Alexandre Dórea Ribeiro, editor da DBA. “Esperamos que as imagens impressionem por si sós.” Dezoito casas abertas pelos Fasano estão retratadas.
Ruggero, filho de Vittorio, deu continuidade ao nome da família e o fortaleceu no ramo. Entre as décadas de 40 e 60, teve sete restaurantes e confeitarias. No fim dos anos 50, durante a inauguração da casa que ficava no terraço do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, recebeu o então presidente Juscelino Kubitschek. “Nossa história se mistura com a da cidade”, diz Rogério. A pesquisa por fotos antigas dos estabelecimentos foi feita não apenas nos álbuns da família, mas também em arquivos de jornais. “Tínhamos um material vasto em mãos, mas descobrimos muito mais coisas por aí.” Um ano atrás, por exemplo, Rogério comprou em um leilão, por 1 500 reais, o livro de ouro do Fasano do Conjunto Nacional, com assinaturas do cantor Nat King Cole e da atriz Marlene Dietrich, que passaram por lá em 1959. Ele não sabe ao certo como a preciosidade saiu das mãos do clã. O palpite é que ela tenha se perdido por causa das incessantes aberturas e fechamentos das casas ao longo dos anos.
Além das fotos históricas, o livro traz 33 declarações de clientes, da atriz Malu Mader (“A qualidade do atendimento da casa é fora do normal”) ao ex-presidente Fernando Henrique (“Conheço a família há muito tempo e sei como ela se encaixa na galeria dos empreendedores que ainda acreditam que o Brasil pode crescer e melhorar”). “Gostaríamos que fossem 100, mas não tínhamos espaço”, conta o restaurateur. O publicitário Washington Olivetto redigiu 25 linhas na primeira pessoa. “Quase foi preciso um livro inteiro só para o testemunho dele”, brinca Rogério. Os livros já estavam na gráfica quando ele viu a oportunidade de incluir o comentário de um de seus ídolos, o cineasta Francis Ford Coppola. Em agosto, o diretor da trilogia O Poderoso Chefão hospedou-se no novo hotel Fasano do Rio de Janeiro. “Apresentei-me e mostrei todo o hotel a ele”, lembra. No fim da estada, Coppola deixou um bilhete desejando sorte (“Per Ruggero, auguri”). Foi o suficiente para que Rogério ordenasse a parada das máquinas para incluir a história.