Radicado no Brasil há dezesseis anos, o sociólogo e pesquisador alemão Titus Riedl é dono de um acervo de 5.000 pinturas realizadas sobre fotografias. Produzidos entre 1950 e 1990, esses trabalhos típicos da cultura popular, sobretudo em cidades do interior do Nordeste, foram adquiridos na região de Juazeiro do Norte, no Ceará. Parte do acervo pode ser conferida em Fotopinturas — Coleção Titus Riedl, com 150 exemplares pinçados pelo curador e fotógrafo paulistano Eder Chiodetto. Na curiosa seleção, observam-se peças de qualidade variável, que vão dos traços delicados e realistas a figuras mais grosseiras, semelhantes a cartazes ou caricaturas.
O grande mérito da técnica desenvolvida pelos bonequeiros, como são chamados os quase extintos fotopintores, está em promover melhorias, acrescentar cores e ampliar os originais. Conforme a demanda, as fotos em preto e branco eram encaminhadas para oficinas, onde vários profissionais se envolviam no processo. A mostra reúne imagens de pessoas mortas, às vezes fotografadas no caixão. Depois de terem a imagem retocada, elas surgem em retratos coloridos, de olhos abertos. Alguns dos quadros trazem membros de uma família que não viveram na mesma época, numa espécie de montagem. Há também representações de status social feitas de acordo com os pedidos dos clientes, como homens humildes de terno e gravata ou mulheres solteiras usando vestido de noiva. Quando o resultado não agradava, as obras eram devolvidas aos autores — alguns itens exibidos têm observações escritas a caneta dos ajustes solicitados.
AVALIAÇÃO ✪✪✪