Fotografia em Revista, na Faap, tem 600 imagens e personagens de publicações da Abril
Estão na mostra o ex-ministro José Dirceu quando era líder estudantil, Ronaldo Fenômeno magro e Rita Lee com cara de menina
A foto acima, de Jorge Butsuem, publicada na revista REALIDADE de agosto de 1968, mostra a ocupação da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo por estudantes. Nela, veem-se vários símbolos do passado: a máquina de escrever, a colaboração pedida em cruzeiro novo (moeda que circulou no país entre fevereiro de 1967 e maio de 1970) e o acento circunflexo em burguêsa, que viria a cair na reforma ortográfica de 1971. Aliás, a própria palavra virou relíquia. José Dirceu, então presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), tinha basta cabeleira e a mesma tendência a querer controlar tudo, inclusive a imprensa.
Na última cena da peça M. Butterfly, de David Henry Hwang, o ator Raul Cortez (1932-2006) espalhava no rosto uma máscara branca e fazia olhar de teatro kabuki. Esse momento foi retratado por Nana Moraes num perfil para a ELLE, em 1990. Mas, segundo conta, a expressão sisuda não é por causa do drama vivido por seu personagem, um diplomata francês que se apaixona por uma cantora da Ópera de Pequim sem saber que se trata de um homem. “Raul estava com muita dor nas costas”, lembra Nana. “Meu pai sempre disse que as melhores fotos são aquelas que doem mais.”
Quando a PLACAR publicou a reportagem “Ronaldinho na cabeça”, em dezembro de 1996, o craque brilhava na equipe do Barcelona, da Espanha. A foto de Pisco Del Gaiso mostrava o corte rente copiado por uma multidão de torcedores, brasileiros e espanhóis. O Fenômeno ainda não havia se submetido às cirurgias no joelho que fizeram um sem-número de técnicos, comentaristas esportivos e curiosos em geral anunciar o fim de sua carreira. Seus gols pelo Corinthians são a prova mais recente de que todos estavam errados.
Pouco antes de estrear a terceira parte de Os Sertões, de Euclides da Cunha, em 2005, o diretor José Celso Martinez Corrêa posou para a BRAVO! como criador e criatura. “Ele havia deixado crescer a barba e o cabelo para as primeiras partes do espetáculo”, relembra o fotógrafo Nino Andrés. “Mas cansou de ser chamado de Papai Noel nas ruas e optou pela peruca e barba postiça.”
Em meados da década de 80, Osmar Santos tinha um dos rostos – e uma das vozes – mais conhecidos do país. Além de narrar jogos de futebol e apresentar programas esportivos, o autor de bordões como “ripa na chulipa” e “pimba na gorduchinha” foi o locutor da campanha das diretas já, em favor do voto popular para presidente da República. Sérgio Berezovsky, então editor de fotografia da PLACAR, diz que tentou fugir da imagem convencional para essa reportagem de 1985: “Propus uma brincadeira e ele topou na hora”. Nove anos depois, o apresentador sofreria um devastador acidente de automóvel, que paralisou o lado direito do seu corpo e limitou sua fala.
Republicada pela BIZZ em 2007, esta foto de J. Ferreira da Silva é um registro da fase áurea dos Mutantes, no fim dos anos 60. Formada por uma encantadoramente sardenta Rita Lee e pelos irmãos Arnaldo (à esq.) e Sérgio Dias Baptista, a banda era o retrato da época – será por isso que parecia ter vindo de outro planeta? O trio manteve-se unido até 1972, quando Rita (então casada com Arnaldo) foi expulsa do grupo.