O acostamento da Rodovia dos Bandeirantes virou ponto de parada de caminhões. Às 19h45 do dia 12, sexta-feira, pelo menos dez deles se enfileiravam entre os quilômetros 17 e 18, pouco antes da chegada a São Paulo. Sem ligar para a placa de proibido parar e estacionar, os motoristas aguardavam o relógio marcar 20 horas, horário do fim do rodízio municipal, para poder entrar na cidade. Apesar de a restrição estar em vigor há quase seis meses, a cena se repete diariamente de manhã e à tarde. Às 9h45 do mesmo dia, doze grandalhões ficaram encostados no local até as 10 horas. “Nem sempre é possível programar com precisão a viagem, e temos de esperar mesmo”, diz o caminhoneiro Marco Antônio Fachini, que vinha de São Carlos, no interior do estado. “Nas marginais, a multa é certa, então prefiro aguardar aqui, onde nunca fui autuado.” Quem infringe o rodízio paga 85,13 reais e é penalizado com quatro pontos na carteira de habilitação. “Às vezes os guardas pedem para a gente sair do acostamento, e aí rodamos a 10 quilômetros por hora”, afirma o motorista Manuel Oliveira Neto, vindo de Taboão da Serra. Segundo a polícia, os caminhoneiros também costumam estacionar nas margens das rodovias Anhangüera, Castello Branco e Raposo Tavares.
Pelo Código de Trânsito Brasileiro, só é permitido usar o acostamento em caso de pane mecânica ou emergência. Parar por qualquer outro motivo é infração leve. No entanto, é considerado falta grave desrespeitar a sinalização de proibido parar e estacionar, que está fixada exatamente onde a fila se forma. Nesse caso, a multa é de 127,69 reais e o condutor perde cinco pontos na carteira. Desde 30 de junho, início da restrição aos caminhões, a polícia fez 538 autuações nas rodovias Bandeirantes e Anhan-güera. Há ainda o risco de acidentes. “Eles criam um obstáculo na estrada, e os veículos que tiverem pane não encontrarão espaço adequado para sair da pista de maneira rápida e segura”, afirma o engenheiro de transporte Jaime Waisman, professor da Universidade de São Paulo. “Deixar de programar o trajeto soa como falta de boa vontade ou excesso de comodismo.”