Desde que voltou de uma temporada de dois anos trabalhando como crupiê nos Estados Unidos, em janeiro de 2008, o estudante de administração André Schuartz se tornou um raro investidor que lucra legalmente com o jogo em São Paulo. Ele criou a festa itinerante Cassinera, em que aluga para eventos tabuleiros de pôquer, blackjack (também conhecido como vinte-e-um) e bacará. Fornece, ainda, chefes de mesa, fichas e toda a estrutura necessária para os convidados fazerem suas apostas. Mas jogos de azar não são proibidos no Brasil? São. Por isso, nessas festas é tudo a leite de pato, ou seja, sem envolver dinheiro. Pelo menos não dinheiro de verdade. “Estabelecemos que cada jogador entra na roda com 200 cassineras, como chamamos a moeda que inventamos”, conta Schuartz. “A brincadeira está em tentar multiplicar as fichas.”
O único que põe a mão no bolso é o anfitrião. Alugar uma das mesas com crupiê por três horas custa 150 reais. “Nós estabelecemos em contrato que podemos encerrar imediatamente as atividades caso alguém insista em apostar dinheiro”, afirma o advogado da empresa, Lucas Augusto Ponte Campos. Com pouco mais de um ano no mercado, Schuartz já recuperou os 25?000 reais que aplicou para comprar dezesseis mesas, 10?000 fichas e quarenta baralhos profissionais. Em uma festa para a comunidade judaica, atendeu 450 convidados. “Foi quando conheci o evento e resolvi contratá-lo”, conta a publicitária Joyce Stern, que reuniu, no mês passado, quarenta jogadores na cobertura de um prédio no Bom Retiro. Uma multinacional americana usou a estrutura da Cassinera para estimular o jogo de equipe e a administração de situações de risco de sessenta executivos. “A parte chata é que, quando você ganha, se empolga, aposta tudo o que tem e aí perde”, diz Joyce. “Se fosse dinheiro de verdade, teria me dado bem mal.”