Quando surgiu em São Paulo, nos anos 80, a rede Amor aos Pedaços era a principal referência em bolos com recheios fartos, calóricos e saborosos. Atualmente com 34 unidades na capital, ela ainda é uma empresa importante nesse setor, mas nos últimos anos foi superada por uma rival, a Sodiê. O negócio surgiu em 1997 no município de Salto, no interior, por iniciativa de Cleusa Maria da Silva, uma ex-boia-fria. A empresa prosperou e conta hoje com 266 endereços, entre lojas próprias e franquias, sendo 73 deles aqui na capital. Com esses números, tornou-se também a maior do mercado no país, com faturamento estimado em mais de 200 milhões de reais por ano.
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Ao contrário de sua principal concorrente paulistana, que nasceu em bairros como os Jardins, a companhia ocupou inicialmente regiões periféricas, como Parelheiros, na Zona Sul, e Artur Alvim, na Zona Leste, com preços bem mais atrativos. O quilo do bolo custa, em média, 50 reais, a metade do valor cobrado na Amor aos Pedaços. A rede só se expandiu para regiões mais nobres, como Sumarezinho e Moema, nos últimos seis anos. Até o fim de dezembro, devem ser abertas treze lojas na cidade, uma parte delas em shopping center.
A fundadora mora em Assis, também no interior de São Paulo, mas vem à cidade toda semana para acompanhar de perto os negócios. Quem a vê hoje, cheia de joias, roupas de grife e cabelos cuidadosamente escovados, nem imagina que, antes de se tornar dona do império de doces, ela trabalhou na roça. Na época, cortava cana-de-açúcar em fazendas da região.
Depois, foi empregada doméstica e operária de uma fábrica de alto-falantes, na qual ganhava um salário mínimo por mês. A empresa de doces nasceu, aliás, quando ela foi demitida desse último trabalho. Com o dinheiro da rescisão e a ajuda financeira de um irmão, alugou um espaço de 20 metros quadrados e, ali, passou a confeccionar bolos.
Assim nasceu a Sodiê, nome que é uma mistura de Sofia e Diego, seus dois filhos. Na época, a doceria comercializava apenas a torta mesclada (8 reais o quilo). Com o crescimento do volume de encomendas, Cleusa decidiu investir numa segunda unidade, em Itu, e, depois, em Indaiatuba e em Sorocaba. Chegou a São Paulo em 2007, com um ponto na Vila Guilherme, na Zona Norte, e a rede não parou mais de se multiplicar por aqui.
Um de seus grandes trunfos é a massa levinha e sempre fresca, de pão de ló, em duas versões (branca e de chocolate), que servem de base para noventa sabores, entre eles o de paçoca e o de creme gelado, musse e abacaxi. Como segue uma linha popular, com produção em larga escala e confecção e decoração simples, a rede consegue vender muito mais que outras lojas do segmento, a preços menores. Só na capital, são 130 000 bolos por mês. Cleusa acompanha tudo de perto. “Sempre pergunto aos meus funcionários se eles comprariam o produto que fazem para o aniversário dos próprios filhos”, comenta a empresária, hoje com 50 anos.
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Em março de 2017, uma filial será inaugurada nos Estados Unidos. “Estamos decidindo se será em Miami ou em Orlando”, diz a fundadora. A partir do mês que vem, a companhia passará a atuar em um novo segmento: o de salgadinhos congelados. A indústria ficará em Boituva, no interior paulista. Não está definido ainda se Ana Maria Braga será também a garota-propaganda dessa linha.
Hoje, a apresentadora é a estrela da Sodiê em comerciais de TV, da internet e em banners das lojas — o cachê estimado por campanha é de 2 milhões de reais. “Começamos a fazer uma receita de balas exibida no programa da Rede Globo e foi um sucesso”, conta a empresária. “Elas certamente ajudaram a alavancar o negócio.”
RECEITA DE SUCESSO
Os números que fazem da Sodiê a campeã na produção de bolos recheados
266 é a quantidade de lojas da rede. Delas, 73 ficam na capital
130 000 é a média de bolos vendidos por mês nas 73 unidades paulistanas
440 000 reais é o investimento necessário para abrir uma franquia da marca
218 milhões foi o valor do faturamento dos endereços (próprios e franqueados) em 2015