O Carnaval está chegando e quem vai ficar em São Paulo já pode se programar para não ficar em casa no feriado. Confira seis opções de espetáculos com apresentações extras no Carnaval.
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“Doze Homens e Uma Sentença”De Reginald Rose. Criado para um teleteatro, o drama ganhou projeção graças ao filme de Sidney Lumet, produzido em 1957. A história de uma dúzia de sujeitos encarregados de chegar a um veredicto é montada sob a direção de Eduardo Tolentino de Araújo. Em uma sala de reuniões estão as pessoas sentadas em torno de uma mesa. O réu foi acusado de assassinar o pai, e a decisão precisa ser unânime para executá-lo ou absolvê-lo. Todo o conflito começa quando um dos doze jurados (papel de Henri Pagnoncelli) opta pela dissonância e abala a convicção do grupo, até então decidido pela condenação. Avaliação ✪✪✪✪
William Shakespeare escreveu a tragédia do príncipe da Dinamarca há mais de 400 anos. Desde então, a história foi montada exaustivamente pelo mundo afora, e recontá-la sem cair na mesmice tornou-se uma raridade. Eis o grande mérito deste espetáculo da Cia. dos Atores, lançado em 2004 e um dos melhores da década passada, que volta em curta temporada ao Sesc Belenzinho — com sessões inclusive na segunda e terça de Carnaval. A ousada direção de Enrique Diaz desconstrói o clássico sem subtrair sua riqueza literária. Alguns personagens foram suprimidos e os restantes são alternadamente interpretados pelos ótimos Bel Garcia, César Augusto, Felipe Rocha, Emílio de Mello, Marcelo Olinto e Susana Ribeiro. A base está no elenco de uma companhia mergulhada em uma adaptação da obra. Angústias, euforias e crises de ego são mescladas aos dramas de Hamlet, acossado diante do casamento da mãe com o maquiavélico tio e de sua paixão pela jovem Ofélia. Nesse jogo cênico, o visual fala alto. Os figurinos escuros e a iluminação, centrada no vermelho, valorizam a tensão e a trama fragmentada. Avaliação ✪✪✪✪
“Como Se Tornar uma Supermãe em 10 Lições”
Aadaptação de Clara Carvalho para peça de Paul Fuks. Protagonizada por Eva Todor entre 1989 e 1991, a comédia inspirada no livro Manual da Mãe Judia, de Dan Greenburg, ganha montagem com Ana Lúcia Torre. Ela interpreta uma senhora judia capaz de qualquer sacrifício para proteger o filho (papel de Danton Mello). Durante uma palestra, o rapaz relembra a relação com a mãe. A frequente mão firme do diretor Alexandre Reinecke, desta vez, soou acomodada, tanto na encenação como na condução do elenco, completado por Ary França, Luciano Gatti e uma exagerada Flávia Garrafa. O carisma de Ana Lúcia, no entanto, garante a empatia do público. Avaliação ✪✪
Adaptação de Roberto Alvim para conto de Franz Kafka. Depois da parceria no espetáculo 45 Minutos, o ator Caco Ciocler e o diretor Roberto Alvim encontram-se em novo monólogo dramático, desta vez baseado no escritor checo. Em cena, a vida do autor e o conto se cruzam. Já doente, Kafka escreve A Construção trancado em casa para se proteger do mundo exterior. Em contrapartida, criou uma topeira, que cava um espaço para sobreviver debaixo da terra.
“R&J de Shakespeare — Juventude Interrompida”
De Joe Calarco. Escrito em 1997, o drama faz uma provocativa releitura de Romeu e Julieta. A trama se passa num colégio para rapazes, onde quatro estudantes começam a encenar o texto de Shakespeare como válvula de escape. Eles mergulham na peça e fazem paralelos com a própria vida. A criativa direção de João Fonseca tira proveito da metalinguagem e, apoiada em sutilezas, oferece múltiplas possibilidades ao elenco. Rodrigo Pandolfo, na pele de Julieta, confirma-se um promissor talento e cativa ao lado de Felipe Lima, João Gabriel Vasconcellos e Pablo Sanábio. Avaliação ✪✪✪✪
De Marcos Caruso. Há mais de duas décadas em cena, a comédia é baseada na suspeita de adultérios múltiplos. Uma empregada (papel de Anastácia Custódia) envolve seus patrões e dois casais em confusões. Com Carlos Mariano, Ivan de Almeida, Carla Pagani e outros. AValiação ✪✪✪