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Especialistas dão dicas para reorganizar a vida financeira

Levantamento mostra que 57% dos paulistanos têm pendências que giram em torno de 5 000 reais com a Serasa; saiba como poupar dinheiro e limpar o nome

Por Fernanda Campos Almeida
11 set 2020, 06h00
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  • Mais da metade dos paulistanos que trabalham no setor privado está com o nome sujo. Levantamento da fintech Grupo H constatou que 57% deles têm pendências que giram em torno de 5 000 reais com a Serasa em São Paulo. O alto índice de desemprego no país (11,8%) não é a única razão para o endividamento. Entre os principais motivos também estão a falta de conhecimento básico em educação financeira e relação negativa com o dinheiro. Para quitar dívidas e não ser pego por futuras crises econômicas, a Vejinha reuniu dicas de como reorganizar a vida financeira.

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    1. Gastar pode ser emocional

    A ansiedade causada pela quarentena somada ao tempo maior conectado à internet pode aumentar o número de compras feitas por impulso, influenciadas pelo marketing digital. “Anúncios digitais nos mostram coisas que nem sabíamos que queríamos. Saia do site ou aplicativo antes de fechar a compra e espere uma hora. Isso dá tempo para a parte racional do cérebro controlar a emocional”, explica Danielle Faro, terapeuta financeira e membro da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros). Se a vontade persistir, vale se perguntar se realmente precisa do produto ou se está adquirindo algo apenas para ser aceito ou agradar a alguém. Mulheres com filhos são as mais acometidas por compras por impulsividade. Por estarem sobrecarregadas de trabalho, procuram no consumo a sensação de merecimento.

    2. Descubra seu real poder aquisitivo

    Independentemente de crises econômicas, a quantidade de produtos que se podia comprar no supermercado com 100 reais há alguns anos era maior do que a de hoje. “A classe média tem tendência a se tornar classe média baixa. De cinco a dez anos, o poder aquisitivo do brasileiro caiu 80%, mas o salário teve aumento simbólico”, diz Reinaldo Domingos, presidente da Abefin e Ph.D. em educação financeira. Ele ensina que se deve somar o que é gasto por mês, dividir pelo ganho líquido mensal e multiplicar por 100 para descobrir, em porcentagem, quanto da sua renda está comprometido todos os meses.

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    (CSA Images/GettyImages/Divulgação)

    3. Não dependa apenas do salário

    Renda extra, trabalho temporário ou bico, chame do que quiser: não depender de uma única fonte de renda é o jeito de não passar sufoco. Maiara Xavier, especialista em finanças pessoais e criadora do canal A Rica Simplicidade, explica que se deve “fazer dinheiro” de outras formas, usando a internet a seu favor. “Se não puder investir em um negócio, use as redes sociais para divulgar produtos feitos por você, como artesanatos, comidinhas ou infoprodutos (cursos digitais) pagos, por exemplo”, indica. “O maior problema ao perder o emprego registrado é saber apenas procurar outro igual.”

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    4. Dinheiro sem propósito não vale nada

    Todos os especialistas ouvidos aconselham a separar o dinheiro que não é usado para pagar despesas fixas em projetos de curto, médio e longo prazo. A curto prazo, de três meses a um ano, é possível economizar para comprar um curso ou um celular. A médio prazo, de um a cinco anos, dá para poupar para uma viagem ao exterior e, a longo prazo, acima de dez anos, investir em um carro ou apartamento. Entretanto, se metas distantes não são suficientes para motivar você, Maiara orienta dividi-las em submetas e marcar em uma planilha toda vez que salvar dinheiro para o projeto. Espalhar pela casa fotos do que você sonha em ter também pode ajudar. A estratégia vale para todo tipo de produto. “Planejar para comprar algo supérfluo é motivador. O excesso desse tipo de compra que é ruim”, diz Reinaldo.

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    (CSA Images/GettyImages/Divulgação)

    5. Trate a casa como renegociar com uma empresa

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    O método Família.co, criado por Bruno Castelo, ex-consultor do Sebrae-SP e CEO da Bcast Consultoria, traz as estratégias de gestão financeira das empresas para dentro de casa. Os salários dos membros da família são somados e viram o “faturamento” do lar, depositado em conta conjunta e dividido em três partes que devem pagar aluguel e contas, criar uma reserva emergencial que cubra três meses de despesas e cobrir gastos pessoais de cada integrante. A última parte não deve ser dividida igualmente entre os membros, mas segundo as necessidades de cada um. Quem dirige deve ganhar mais para cobrir custos do combustível, por exemplo. O ideal é que as despesas individuais não ultrapassem 50% do faturamento familiar.

    6. Em casos extremos, nome sujo pode ser a solução

    Um motivo comum para o endividamento é a perda de controle de compras parceladas. “Sujar o nome pode ser a solução, porque a pessoa não tem acesso ao crédito, acaba obrigada a parar de comprar parcelado e entende que comprar à vista é o caminho certo”, explica Reinaldo, que também é autor do livro Nome Sujo Pode Ser a Solução. Para cortar o mal pela raiz, é preciso primeiro “enxergar” as dívidas. “Conscientizar-se do tamanho atual do débito pode despertar o sentimento de culpa”, avisa Danielle. O próximo passo é se perdoar e descobrir a origem do erro para que não se repita antes de planejar a quitação.

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    (CSA Images/GettyImages/Divulgação)
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    7. Proteja seu patrimônio da inflação

    Com o aumento da inflação (alta no preço de produtos e serviços) na pandemia, o retorno de algumas aplicações ficaram menores, principalmente o da poupança. “O índice da inflação está mais alto do que a rentabilidade da poupança e isso anula o rendimento”, explica Maiara. Para não deixar que seu dinheiro perca valor, a saída é fazer outras aplicações tão seguras quanto, mas que valem um pouco mais, como CDBs que rendem pelo menos 105% do CDI ou Tesouro Selic. “Grandes bancos não oferecem essas opções, apenas os pequenos ou corretoras de valores”, diz a especialista. É importante que, caso queira retirar o dinheiro a qualquer momento, o investimento seja descrito como de “liquidez diária”.

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    Publicado em VEJA SÃO PAULO de 16 de setembro de 2020, edição nº 2704.

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