Fundador da Almap, o publicitário Alex Periscinoto foi o responsável pelas históricas campanhas da Volkswagen nos anos 60. Confira a entrevista abaixo:
Como iniciou sua relação com a Volkswagen?
Em 1958, fui a Nova York para fazer uns cursos e trabalhei na DDB, a agência que produziu a histórica campanha do “Think Small” para a Volks. Era inovador: emplacaram um carro alemão nos Estados Unidos do pós-guerra, foi brilhante. Quando voltei ao Brasil, um ano depois, a montadora procurava uma agência por aqui e assumi (Periscinoto se desligou em 1998 da agência, que detém a conta da empresa até hoje).
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Há uma visão romântica a respeito do trabalho das agências nas décadas de 50 e 60. Como era?
Quando voltei de Nova York, comecei a implantar o conceito de duplas criativas: junto ao redator, existia também um diretor de criação; aliás, fui o primeiro do país. As ideias sempre se tornam melhores quando as pessoas conversam. Então era um barato, eu tinha 27 duplas criativas, juntávamos todos numa sala e ficávamos criando. Ao final, saía uma dúzia de peças. É importante não reprovar nenhuma ideia, e sim encará-las como ponto de partida. Mesmo as muito ruins.
O Brasil tem hoje um papel de destaque na publicidade internacional. Como analisa esse cenário?
Mudou a forma de fazer publicidade, mas não a qualidade. Antigamente, quando a gente via um anúncio muito bom em uma revista, arrancava a página para guardar, mostrar aos amigos. Hoje você compartilha no Facebook. O mural é a nova página arrancada. Só acho que a competição ficou maior. Antes, quando eu via algo genial, ligava para o Petit (Francesc Petit, um dos fundadores da DPZ) e lhe dava os parabéns. Hoje não funciona mais assim.