Todos os anos, milhares de imigrantes desembarcam na capital. Em 2016, cerca de 6 300 refugiados foram atendidos pelo Centro de Referência para Refugiados, na região central, mantido pela Cáritas Arquidiocesana de São Paulo. Na esperança de conseguirem melhores oportunidades por aqui, tais pessoas enfrentam diversas dificuldades, entre elas aprender um novo idioma.
Com o intuito de ajudar quem se encontra nessa situação, o jovem Jibreel Mohammad, 19, criou em junho do ano passado o projeto Imigra Brasil. Filho de refugiados de origem árabe, o rapaz — mais dezoito voluntários — ministra aulas de português, quase sempre particulares, principalmente a sírios e haitianos.
O grupo ensina cinquenta imigrantes e 120 refugiados, a maioria em domicílio. O custo da locomoção até a residência dos pupilos é bancado pela própria equipe, que utiliza apostilas disponibilizadas gratuitamente no site da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde agosto, a peruana Jacquelin Lazarte tem aulas duas vezes por semana. “Estou adorando, agora consigo me expressar melhor”, comemora.
Junto da mãe, do pai e dos sete irmãos, Mohammad chegou ao Rio de Janeiro com 1 ano de idade, vindo da Jordânia. Logo depois, mudou-se para São Paulo. Hoje, mora sozinho no Butantã e estuda por conta própria para prestar vestibular. Quer cursar letras na USP. Muçulmano, ele se sustenta ministrando aulas particulares de inglês e vendendo perfumes árabes em feiras.
Antes de criar o Imigra Brasil, foi professor voluntário na adolescência em entidades beneficentes, como a própria Cáritas. “Se não dominam a língua local, os estrangeiros enfrentam obstáculos para achar emprego, por exemplo”, diz. “É gratificante ajudá-los a sentir-se mais incluídos em um país que representa, para muitos, um recomeço.” No futuro, Mohammad quer montar uma sede própria para sua iniciativa.
Projeto Imigra Brasil. facebook.com/projetoimigrabrasil