Apesar de ter surgido no início de 2000, em Londres, o dubstep demorou para se popularizar. Só no ano passado, com a ajuda de nomes como o DJ Skrillex, que toca em abril no festival Lollapalooza, o gênero de música eletrônica caiu no gosto do grande público. Em São Paulo, desde 2005 é possível ouvir as batidas graves desse estilo, na festa Tranquera, que hoje ocorre mensalmente no Vegas.
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O público jovem é o principal interessado na nova moda. A estudante de biologia Catarina Rocha, por exemplo, vem a São Paulo uma vez por mês desde que mudou para Bauru para cursar a Unesp, há três anos. No ano passado, conheceu a Tranquera e, desde então, tenta coincidir suas visitas com a data da festa. “Não gosto muito de música eletrônica, mas o estilo me chamou a atenção justamente por ser diferente.”
A Tranquera foi criada por Bruno Belluomini, uma espécie de embaixador brasileiro do dubstep. A festa começou como uma pequena reunião em um barzinho na Rua Álvaro de Carvalho, no Centro. “A gente tinha muita vontade de colocar o som na rua”, lembra o DJ, que teve seu primeiro contato com o gênero por volta de 2001, ao encontrar em uma loja de vinis uma compilação de produtores de dubstep. “Nessa época, ninguém estava interessado nesse som porque não dava pra dançar.”
No início, o dubstep era só um estilo que utilizava mais a base de graves do que as tradicionais batidas de gêneros como o house — bastante popular nas baladas. Seu nome, aliás, vem da fusão do ritmo jamaicano dub com a batida do two-step, outro estilo eletrônico. “Foi preciso mudar um pouco, colocar vocais femininos e elementos do eletrônico mais popular, para que a música pudesse fazer sentido nos clubes”, explica Belluomini.
Dançar dubstep não é tão fácil. Se os pioneiros são contra os passinhos, a garotada começou a usar o street dance, como os dançados em músicas de hip hop, mesmo que fora do ritmo.
Confira no vídeo abaixo como dançar dubstep:
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Mesmo com as alterações para alcançar as pistas, o gênero só virou sucesso quando foi absorvido pela cultura pop. O primeiro hit a ganhar roupagem de dubstep foi “Hold It Against Me”, lançado por Britney Spears em 2010. Desde então, outros nomes como Madonna e Rihanna já aderiram à moda. “A música eletrônica de uma forma geral vem sendo uma referência muito presente na produção dos artistas pop nos últimos anos”, lembra Marcos Boffa, um dos curadores do festival Sónar São Paulo, que terá em sua programação diversos nomes do dubstep, entre eles Belluomini.
Para muitos DJs e fãs, essa incorporação pelo pop não foi bem-vinda. “Virou uma bagunça”, diz o designer gráfico André Martins, que ouve o estilo há cerca de três anos e é frequentador assíduo da Tranquera. O artista multimídia Gary Stewart, que é inglês e viu de perto o surgimento do estilo, também não concorda com a fusão. “A música ficou contaminada”, afirma. Stewart afirma preferir ouvir os pioneiros, como o seu conterrâneo Skream, que também toca em maio no Sónar.
Estudioso de música jamaicana e co-produtor do documentário “Dub Echoes”, o carioca Chico Dub — que também ajudou na curadoria do Sónar — diz achar que a popularização do dubstep fez bem para o seu desenvolvimento. “Foi até bom ter alcançado sucesso comercial, porque isso fez o pessoal buscar novas sonoridades”. Para ele, um bom exemplo é o produtor inglês James Blake, que busca influências também em ritmos como o soul e o R&B. Blake se apresenta no Sónar como uma das principais atrações.
O festival, que deve ocorrer nos dias 11 e 12 de maio no Anhembi, concentra em sua programação muitos nomes que trabalham com o gênero. Além de Belluomini, Skream e Blake, também estão escalados Rustie, Hudson Mohawke, Flying Lotus, Modeselektor e o brasiliense Pazes.
Para se familiarizar com o dubstep das antigas e com o mais pop, veja abaixo produções do fenômeno Skrillex e do veterano Skream:
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