Morador do bairro do Grajaú e filho de um metalúrgico com uma professora de filosofia, Kleber Gomes, o Criolo, tem 35 anos e há muito tempo faz rap. Sua primeira composição, cujo assunto não lembra mais, foi escrita aos 11 anos. Conhecido no início em redutos dos fãs do gênero, Criolo virou sensação também entre os descolados. O motivo: o disco “Nó na Orelha”, no qual flerta com outros estilos musicais. Esse trabalho, que já teve mais de 80.000 downloads e pode ser baixado no site do artista (www.criolo.art.br), ganha agora a forma de CD e vinil, e será lançado no Teatro do Sesc Vila Mariana na quinta (2).
Não se trata do primeiro álbum do cara, que antes assinava Criolo Doido. Em 2006, ele soltou “Ainda Há Tempo”, no qual a pegada metralhadora verbal do rap predominava. Agora, sobressaem as canções, com as velhas rimas convivendo ao lado de outras referências. Nas faixas aparecem, por exemplo, o afrobeat (em “Bogotá”), o bolero (“Freguês da Meia-Noite”) e o samba (“Linha de Frente”). A principal música do disco, no entanto, é “Não Existe Amor em SP”, balada de versos pessimistas (“Os bares estão cheios de almas tão vazias”) bastante citada e comentada por frequentadores de sites de relacionamento como o Facebook. “Tem muita coisa errada por aqui, mas somos mais fortes do que isso”, diz o cantor sobre a letra. Quinze músicos dividem o palco com ele.