“Todo corintiano foi abençoado naquele dia, mas posso dizer que fui duplamente. Primeiro pelo título, é claro, mas também por ter acompanhado o jogo na cabine da Rádio Globo, ao lado do meu amigo Osmar Santos, que era um monstro narrando. O momento do gol foi indescritível, um instante de catatonia. Simbolizava um fator coletivo gigantesco, mas ao mesmo tempo era uma comemoração pessoal de cada corintiano. Imagine para quem viveu o campeonato de 1954 e nunca mais havia celebrado um título. Era o meu caso, pois aos 2 anos estive com meu pai no Pacaembu, no dia do empate com o Palmeiras. O Osmar com aquela narração clássica do meu lado e eu olhando tudo aquilo em silêncio e com pura euforia. Estava completamente pasmo pelo que vivia. Depois do jogo, resolvi me desprender do pessoal da rádio e fui embora do Morumbi sozinho, a pé até a Rua Haddock Lobo, na região da Paulista. Vi a cidade inteira acordada, parecia 7 da noite, todo mundo na rua. Gente de diferentes classes sociais comemorando de diversas maneiras. Foi uma noite que nunca mais será vista na cidade de São Paulo.”
Washington Olivetto, publicitário, tinha 24 anos