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Comédia “Il Viaggio” traz clima da obra de Fellini sem copiá-lo

Adaptado por Marcelo Rubens Paiva e dirigido por Pedro Granato, texto ganha palco do Sesc Bom Retiro

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 17h09 - Publicado em 26 Maio 2012, 00h50
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  • Logo depois de rodar o longa-metragem “Julieta dos Espíritos”, em 1965, o cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993) escreveu o roteiro de “Il Viaggio di G. Mastorna”. Em razão da intensa produção, o diretor engavetou essa reflexão sobre a vida e a morte e nunca a transformou em imagens. Adaptado por Marcelo Rubens Paiva, o texto inédito nas telas ganha o palco e supera quase todas as dificuldades da ambiciosa proposta em uma bem-sucedida encenação. Em cartaz no Teatro do Sesc Bom Retiro, a comédia “Il Viaggio” mantém — sem copiar — a alma felliniana.

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    Durante uma excursão de sua orquestra, o violoncelista Mastorna (o ator Esio Magalhães) decide encontrar uma amante e perde o trem para o próximo destino. Atrasado, resolve pegar um avião, que despenca sobre uma estranha cidade. No limite entre a vida e a morte, o protagonista busca alucinadamente retomar o contato com a realidade. Sem sucesso, vê-se ainda mais confuso ao ser conduzido por outros personagens a uma viagem de sonho.

    Entre a fábula e o riso, o diretor Pedro Granato alcança um belo resultado visual e na condução de seus atores, capazes de trilhar caminhos distantes do realismo sem cair na caricatura. Granato — que já tinha abusado da mão pesada nas montagens de “Navalha na Carne” (2008) e “Criminal” (2010) — reverteu os exageros a seu favor. Ele pôde investir à vontade na fantasia e nos recursos cênicos e, para alcançar o equilíbrio, teve à disposição intérpretes acostumados com a linguagem de clown e circense. Esio Magalhães explora a versatilidade ao criar um tipo atônito e envolvente. Bete Dorgam ilumina a montagem e reforça o clima de Fellini com pitadas de ironia, muito bem conduzidas nas cenas divididas com Helena Cerello e Paulo Federal. Em participações pontuais, Ed Moraes reafirma potencial para extrair efeitos de diferentes caracterizações, enquanto Paula Flaiban mostra-se irregular e tropeça na tentativa de comandar um auditório.

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