Padecer no paraíso não é uma exclusividade delas. Os homens também descobrem o signiÏcado do clichê quando um bebê começa a fazer parte de sua vida. Alegria, emoção diante do ato mais simples, preocupação eterna, noites sem dormir, o céu e o inferno. A comédia “Grávido”, escrita por Gustavo Kurlat, Marcelo Laham e Fábio Herford e protagonizada pelos dois últimos, acerta ao trazer uma visão incomum para um tema pertinente: a perspectiva masculina a respeito da paternidade. Só por isso valem o ingresso e a ida até o Teatro Cleyde Yáconis. Até porque muita gente pensa no assunto ou já vive a situação.
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Laham e Herford sabem o que falam. O primeiro é pai de Miguel, de 2 anos, e o outro, de Lara, de 5. Dirigidos por Alexandra Golik, eles criaram um espetáculo alimentado por um realismo capaz de distanciá-lo do romantismo bobo. Treze esquetes brincam entre o trágico e o cômico e exigem versatilidade para interpretar tipos e trocar figurinos sem comprometer o andamento. Os quadros Lista de Compras e Babá Eletrônica debocham da ignorância masculina. Em Cláudio com Sono, Laham destaca-se pelo conformismo de um pai que perde o emprego porque dormia no expediente. Herford tem seu melhor momento em Vefres Paterna, no qual um homem foge da família em busca de paz. Os dois solos, pontos altos do espetáculo, envolvem a plateia ao exigir mais dos atores e abordar os temas com um tom de seriedade. A dupla ainda parodia sucessos de Madonna e Michael Jackson e protagoniza um impagável diálogo de recém-nascidos em Bebês Boca Suja. Diversão garantida e uma chance para as mulheres entenderem a cabeça dos maridos.
AVALIAÇÃO ✪✪✪