Em inglês, ‘coaching’ significa treinamento. Com emprego óbvio no esporte, a palavra foi emprestada pelo ambiente corporativo para fazer referência a cursos que têm como objetivo preparar um funcionário ou uma equipe para novas tarefas. Agora, o termo vem ganhando espaço em outro âmbito: o familiar. Angustiadas com a possibilidade de serem mães, mulheres que pretendem engravidar ou já estão esperando um bebê são o alvo dos coaches (treinadores) ou personal gestantes. “A ideia é ajudá-las a vencer as angústias que surgem em momentos como esses e conseguir atingir os objetivos esperados com a maternidade”, diz o médico Leandro Romani de Oliveira, que também trata seus pacientes com hipnose e neurolinguística. “Para isso, aplicamos as mesmas técnicas utilizadas nos treinamentos de empresas.”
As sessões custam de 150 a 350 reais e têm periodicidade que varia de acordo com a necessidade de cada pessoa — de semanal a mensal. Entre as principais interessadas estão mulheres que desejam combinar a vida profissional com a educação dos filhos, as que temem que a nova fase da vida interfira na relação com o marido e aquelas assombradas além do normal pela possibilidade de ter um bebê com problemas de formação. Durante os encontros, o terapeuta ajuda a cliente a estabelecer o que realmente deseja, a expor quais seriam os impedimentos para tanto e a definir metas para chegar ao objetivo. Além de um bate-papo, ele lança mão de práticas como respiração, mentalização e relaxamento. Ou seja, se uma executiva ao mesmo tempo quer ser mãe e continuar conquistando novos postos na carreira, eles discutem o que fazer para que isso de fato ocorra. Lembra uma terapia, é verdade. Mas os adeptos do ‘coaching’ são categóricos em afirmar que se trata de coisas diferentes. “Enquanto as sessões de análise se atêm às origens das aflições, nós focamos em como resolvê-las”, explica Villela da Matta, presidente da Sociedade Brasileira de Coach.
Quando ficou grávida de Mariana, hoje com 1 ano e 6 meses, a médica Katia Tomie Kozu, de 33 anos, foi apresentada ao coach de gestante por uma amiga. “Achei que seria útil para evitar que minha filha, ainda na barriga, captasse o meu stress”, diz. Tão logo co – meçou o tratamento, um exame pré-natal apontou o risco de a criança ser portadora de uma alteração genética. A partir de então, os encontros se voltaram para a meta de aliviar a ansiedade de Katia com relação ao problema. “Além de discutir sobre o assunto, aprendi técnicas de respiração e passei a fazer mentalizações de coisas e situações que me acalmavam”, conta. Felizmente, Mariana nasceu saudável, mas sua mãe se sentia preparada para encarar o pior.