Cesp tenta vender sua sede na Avenida Paulista
Duas décadas após incêndio as duas torres do prédio seguem sem utilização
As chamas que destruíram a sede da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), em maio de 1987, parecem ter deixado uma sombra sobre suas duas torres. Localizado na Avenida Paulista, sobre o Shopping Center 3, com 20 000 metros quadrados de área construída, o prédio segue sem utilização em um dos endereços mais valorizados da cidade – cujo metro quadrado custa, em média, 7 000 reais. Proprietário de 40% da empresa e controlador de 95% de suas ações ordinárias, o governo do estado realizou em fevereiro um leilão licitatório para vendê-lo. Não apareceram interessados em dar o lance mínimo de 91,4 milhões de reais. O governo já havia tentado passar o edifício adiante três vezes em 1998. Na época, o valor pedido era de 26,2 milhões de reais. Resolveu-se, então, dar início a uma ampla reforma no imóvel.
O arquiteto Ruy Ohtake, autor dos desenhos do Hotel Unique, no Jardim Paulista, e do Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, foi chamado para fazer o projeto, no qual já se gastaram 52 milhões de reais. Segundo a Cesp, ainda são necessários investimentos da ordem de 50 milhões de reais para que o prédio possa ser ocupado novamente. “Não temos interesse em voltar para a antiga sede, pois nas últimas duas décadas nosso quadro de funcionários passou de 20 000 para 1 500 pessoas”, diz Luiz Morita, assessor da diretoria de engenharia da empresa, hoje instalada em Interlagos. “Mas não podíamos deixar o esqueleto deteriorando.” Além de precisar finalizar a reforma, o futuro proprietário herdará um imbróglio com um de seus vizinhos. Há quatro anos, a empresa Safra Comércio e Serviços, dona do banco Safra, pediu na Justiça o embargo das obras do heliponto, alegando que este colocaria em risco os pousos e decolagens de helicópteros no topo de seu edifício. “Embora pequena, existe a possibilidade de uso simultâneo, pelo fato de o heliponto do banco ser bastante movimentado”, explica o comandante Carlos Artoni, ex-presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero. Morita afirma que a Cesp pretende chegar a um acordo com o banco. “O curioso é que, quando iniciamos a reforma, foi um dos diretores do Safra quem sugeriu que construíssemos o heliponto”, lembra ele. Só com o IPTU de sua antiga sede, a Cesp gasta, anualmente, 250 000 reais.