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Casal sofre tentativa de golpe utilizando dados pessoais em hospital de SP

Criminosos pediram 6 mil reais para realizar supostos exames médicos de emergência

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 dez 2023, 10h03 - Publicado em 4 dez 2023, 20h35
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  • Na espera pelo centro cirúrgico, o jornalista Fábio Calamari recebeu uma ligação no telefone do quarto em que estava internado no Hospital Santa Rita, na Vila Mariana, Zona Sul, na última quinta-feira (30). A pessoa pediu a confirmação de dados e avisou que entraria em contato com o familiar indicado pelo paciente. Minutos depois, Karina Lacerda, esposa de Fábio, recebeu ligações e mensagens de WhatsApp de um médico que se identificou como dr. Adelmo Ferreira. “Ele explicou que era da equipe que operaria meu marido. Falou, calmamente, que houve uma alteração importante nos exames dele, que tinha sido detectado um mieloma”, conta.

    A doença, um tipo de câncer que atinge células do sangue, acionou um gatilho em Karina, que perdeu a sogra há pouco mais de um mês por complicações de um mieloma. “Ele me deu tantos detalhes específicos que se encaixavam no nosso histórico que eu não duvidei. Meu chão caiu enquanto o golpista me explicava que era preciso fazer um exame de imagem, com uma equipe de outro hospital. Se fosse necessário, seria dada a medicação específica ainda no pós-operatório.”

    O falso médico ainda fez uma recomendação para que ela não contasse ao marido o diagnóstico, o que poderia desestabilizar o paciente e atrapalhar os procedimentos, que custariam 6 mil reais. “Ele me disse que precisava de alguns dados para agilizar o pedido do exame e que seria feito o reembolso [pelo convênio] em 2 a 3 dias úteis. Não pediu Pix e, para mim, o pagamento seria no hospital, então meu foco foi pedir a lista de documentos necessários e ir rapidamente para o hospital. Não atendi às outras ligações, nem tinha visto a mensagem com erros de ortografia”, relata.

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    Golpista entrou em contato por meio do WhatsApp (Arquivo pessoal/Reprodução)

    No hospital, Karina foi informada ainda na recepção que tudo se tratava de um golpe, que já tinha sido relatado por outros pacientes da unidade. Ainda de acordo com a equipe do hospital, as ligações são feitas por meio de celulares externos, não rastreáveis, por hackers que acessam os sistemas e os dados sensíveis dos pacientes internados. Com os relatos, o Hospital Santa Rita passou a entregar um documento alertando sobre a modalidade de golpe na entrada e colocou avisos nas gavetas dos quartos — que passaram despercebidos pelo casal. 

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    Procurado, o hospital informou que não comenta casos particulares em respeito à privacidade, mas que a equipe é treinada a orientar pacientes e acompanhantes em virtude da existência dessas organizações criminosas. 

    Na sexta-feira (1), Karina e Fábio fizeram a solicitação de boletim de ocorrência eletrônico e aguardam a análise da Polícia Civil. “A tentativa de golpe aconteceu pouco antes do meu marido subir para a anestesia, quando ficaria incomunicável. Eu, de fato, tentei ligar para ele, mas ele já tinha ido para o centro cirúrgico. É um golpe refinado em engenharia social. Não tivemos perdas financeiras, mas não saímos sem sequelas”, afirma Karina. 

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