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Abrigo LGBTQIA+ de São Bernardo do Campo corre risco de fechar

Casa Neon Cunha atualmente abriga 25 pessoas

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 dez 2023, 21h43 - Publicado em 9 dez 2023, 12h18
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  • Aberta em 2019 para oferecer abrigo e apoio à comunidade LGBTQIA+, a Casa Neon Cunha corre o risco de fechar as portas.

    Por mês, a organização precisa de 50 000 reais para cobrir os gastos dos serviços que presta, quando somados aluguel, folha de pagamento de funcionários e contas básicas, como alimentação, luz e água.

    O orçamento ficou mais apertado desde 2021, quando passou a estruturar o imóvel para transformá-lo na residência permanente de pessoas da comunidade. Por enquanto, o espaço vai sobrevivendo com parcerias pontuais de marcas e por indicação da prefeitura da cidade como um local de referência, mesmo sem que a gestão municipal tenha tido interesse em firmar contrato para assegurar recursos.

    Segundo o presidente da organização, Paulo Araújo, a maioria dos residentes é negra e do Nordeste. Entre eles, há, inclusive, pessoas que foram expulsas de casa por familiares, e que sofreram violências por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

    Saber qual o perfil dos integrantes da comunidade no município onde funciona, aliás, é uma das demonstrações de comprometimento com a causa que a Neon Cunha deu, já que tem buscado levantar dados por meio de um censo.

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    Se a casa fechar, muitos dos moradores poderão ficar sem um teto. Isso porque o mercado de trabalho não se mostra receptivo a pessoas LGBTQIA+ e os moradores da Neon Cunha, que não são, portanto, exceção, têm dificuldade para conseguir manter uma renda satisfatória, que permita seu sustento fora dela. Há também quem tenha abandonado a vida em situação de rua com a ajuda da organização.

    No perfil mantido no Instagram, a entidade faz diversos apelos e tenta emplacar rifas, há meses. “Estamos sem saída. Precisaremos fechar as portas. É quase impossível gerar transformação social sem receber nenhuma ajuda fixa do governo, das empresas ou de outras organizações”, diz uma das postagens.

    Na rede social, a organização divulga um balanço do primeiro semestre deste ano, que ajuda a dimensionar o alcance de sua atuação. Ao todo, foram servidas 18 mil refeições, realizadas 58 retificações de nome e gênero e formadas 30 pessoas no projeto Trans-formação, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU).

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    “As pessoas discutem o processo sem que a gente participe”, disse Araújo, em entrevista à Agência Brasil, quando perguntado sobre o que falta melhorar, em relação às políticas públicas voltadas aos LGBTQIA+.

    Nesta quinta-feira (7), o governo federal anunciou a criação do Programa Nacional de Fortalecimento das Casas de Acolhimento LGBTQIA+, que funcionará no âmbito da Estratégia Nacional de Enfrentamento à Violência contra Pessoas LGBTQIA+. O programa Acolher+ terá como público-alvo pessoas com idade entre 18 e 65 anos em situação de abandono familiar e deve priorizar quem tiver outros marcadores sociais, além de pertencer a essa comunidade, como os de raça e etnia, classe, gênero, religiosidade e deficiência.

    O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania comprometeu-se a publicar critérios de adesão ao programa, válidos para instituições públicas e privadas, em até 120 dias. A pasta deverá instaurar um comitê para acompanhar as ações desenvolvidas dentro do programa, no mesmo prazo.

    Com Agência Brasil. 

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