De Volks em Volks, de Fiat em Fiat, de moto em moto, São Paulo deve atingir a qualquer momento a marca de 7 milhões de veículos, de acordo com a tabulação oficial do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Mas nem o órgão sabe ao certo medir a precisão desse universo, que inclui carros registrados desde o início do século passado na frota da cidade (do ano de 1901, por exemplo, há 215 unidades). Veículos de décadas tão longínquas, é claro, não compõem a frota circulante da cidade e, assim, têm peso zero na dinâmica dos congestionamentos. Mesmo a contabilidade de carros que já viraram sucata é subestimada. O Detran exclui do resultado final apenas as baixas informadas pelos proprietários e o último “saneamento da frota” (em que, além das baixas, foram riscados da conta os carros transferidos para o interior), feito em 2005.
Diante da dificuldade em entender o contingente circulante por meio de dados oficiais, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) tenta criar estimativas que se aproximem ao máximo da realidade, tirando do total carros que nunca saem da garagem. Para a CET, com muito mais realismo que o Detran, a frota paulistana em atividade é de aproximadamente 3,8 milhões de veículos. O número é calculado com base na contagem de automóveis por agentes localizados em pontos específicos da cidade, como o topo de prédios e cruzamentos de grande movimentação. Depois a amostragem passa por uma equipe de matemáticos que projetam estatisticamente o total de veículos.
Outro mistério paulistano é a medição da quilometragem de congestionamentos. De acordo com a CET, a média diária de engarrafamentos em 2010 foi de 99 quilômetros, considerando-se os picos da manhã e da tarde. O cálculo se baseia em câmeras de vigilância e na contagem feita por agentes localizados em pontos estratégicos. Por esse método é possível monitorar apenas 868 quilômetros, cerca de 5% das vias do município.
A Rádio SulAmérica Trânsito e a empresa Apontador/MapLink divulgam desde dezembro outro tipo de medida, com resultados bem diferentes. O novo sistema afere o fluxo da cidade por meio de transmissores presentes em aparelhos de GPS de várias marcas. A partir daí, um programa de computador é capaz de calcular a fluidez do trânsito praticamente em tempo real. Hoje, o sistema da rádio recebe informações de aproximadamente 1 milhão de veículos. Isso permitiria que fossem monitorados, em tese, todos os 17.000 quilômetros de ruas e avenidas, desde que por eles estivessem circulando veículos com o equipamento. Com o aumento da área monitorada, naturalmente mudam também as conclusões sobre os engarrafamentos. Segundo essa metodologia, a média dos picos de lentidão tem sido de 230 a 300 quilômetros no período da manhã e de aproximadamente 300 quilômetros na parte da tarde.