Reunir mais de 120 000 pessoas interessadas em tecnologia, empreendedorismo e educação — e servir de casa para 8 000 delas que desejam acampar ali e passar 24 horas imersas numa experiência com cinco dias de duração. A meta da 12ª edição da Campus Party Brasil, com início marcado para o dia 12, pode parecer ambiciosa, mas deve ser batida com folga pelo maior evento da área no Brasil. A menos de duas semanas da abertura, 92% dos ingressos, oferecidos no lote final por preços entre 350 e 430 reais, estavam vendidos. Um dos grandes responsáveis pela mágica em tempos de crise é o diretor-geral Tonico Novaes. “Investimos em maior conectividade, e o público geek reconheceu nosso trabalho”, afirma o administrador, de 41 anos. Ao falar de conexão, não se refere apenas aos 40 GB de internet oferecidos aos campuseiros, como são chamados os visitantes, mas também à proximidade pessoal com a comunidade fã da brincadeira desde a estreia, em 2008, realizada no prédio da Bienal.
Acostumado às funções de bastidores desde 2015, quando assumiu a direção, Novaes subiu ao palco como mestre de cerimônias em 2017 fantasiado de bruxinho Harry Potter. O poder da descontração já havia sido testado, numa edição no Recife. “O responsável por uma ativação não pôde comparecer e, para não deixar ninguém na mão, peguei o microfone e comecei a brincar, coloquei as autoridades e os patrocinadores para dançar e a galera adorou”, lembra Novaes. A vocação para cosplay seguiu com trajes de Capitão América, Darth Vader, Spock, Bumblebee (da cinessérie Transformers) e um terno do R2-D2, o robô fofo de Star Wars. “Minha primeira impressão era que ele não era do mundo nerd, mas, quando o conheci, descobri um cara esforçado, que responde a tudo nas redes sociais, fica o tempo inteiro dentro da arena no evento, é um campuseiro como a gente, não um diretor”, elogia Aline Carvalho, do STEM for Girls, que participa da Campus desde a quarta edição.
A habilidade de desempenhar diferentes funções remonta ao currículo no mercado de entretenimento, que inclui desde a organização de raves nos anos 90 até a administração de bares e baladas. “A experiência em gestão de grandes eventos foi imprescindível para que eu assumisse o desafio da Campus”, afirma Novaes, aí com a seriedade de quem tem nas mãos um festival de custo estimado em 30 milhões de reais. Para 2019, mudou o endereço do Anhembi para o Expo Center Norte, equipado com ar-condicionado e outras facilidades, como a proximidade com o shopping, onde será montada, da sexta 1º ao domingo 10, uma espécie de degustação grátis para o público, com simuladores, área maker e palestras com startups focadas no varejo. “Será o nosso melhor ano, aumentamos os patrocínios em 50% e teremos 1 000 horas de programação, com palestrantes como o cientista Ricardo Cappra, o papa do big data, e o engenheiro da Nasa Ivair Gontijo”, completa ele.
As novidades incluem uma liga amadora de e-sports, um palco de música e um campus summit para reunir executivos e empreendedores com foco em segurança digital e internet das coisas, entre outras áreas. Para dar o pontapé inicial, qual será o visual do MC? “Um meme clássico da Campus tem o Gandalf, então o personagem de O Senhor dos Anéis é o que mais me pedem. Mas não conto antes”, afirma Novaes. Nos negócios high-tech e no mundo da fantasia, mistério sempre cai bem.
> Campus Party Brasil. Expo Center Norte. 12 a 17 de fevereiro. R$ 350,00 a R$ 430,00. brasil.campus-party.org.
Programação intensa
Confira os destaques da 12ª edição, orçada em 30 milhões de reais
900 palestrantes daqui e de fora falam em oito palcos e cinco espaços de workshop
120 000 visitantes, metade deles de São Paulo, devem passar pela área gratuita da Campus Party
8 000 campuseiros, como são chamados os frequentadores, ficam acampados pelos cinco dias
40 GB de internet devem atrair fãs de games, que vão estrear uma liga amadora própria de e-sports
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 06 de fevereiro de 2019, edição nº 2620.