Os réveillons de arromba assinados pelo selo Cafe de la Musique são bastante disputados. Não importa que os ingressos custem de 350 a 2 000 reais, sem falar dos camarotes — alguns têm capacidade para até 35 pessoas, e as cifras atingem a casa dos 60 000 reais. Neste ano, a empresa, criada em 2005, baterá seu recorde: comandará dezessete viradas simultâneas pelo país. Em São Paulo, rolarão baladas em Ilhabela,Guarujá e Indaiatuba (onde a nova boate da rede deve estrear nesta sexta, 16).
As noitadas mais bombadas, entretanto, são, sem dúvida, aquelas das praias de Trancoso e de Jurerê Internacional. Ali, encontra-se um alto número de gente bonita por metro quadrado, vinda de outros estados e países. Dos 2 000 clientes da festa no litoral baiano, por exemplo, cerca de 400 são estrangeiros. Moças de vestido curto, salto alto (mesmo quando a pista é “pé na areia”) e cabelos lisos misturam-se a rapazes malhados.
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Tudo regado a champanhe, música eletrônica e MPB. Para montar eventos desse tipo, os organizadores desembolsam de 500 000 a 1 milhão de reais. O investimento compensa. Há casos de “reis do camarote” que torram 100 000 reais em apenas uma noite. Aos interessados, restam ainda, em alguns endereços, 30% dos ingressos disponíveis. Em outros, como em Florianópolis, só há 10% (à venda no site www.ticket360.com.br).
Parte dos espaços da marca funciona durante temporadas específicas, principalmente no verão. Quase todos fazem o estilo beach club, com restaurante, spa e festas ao pôr do sol. Há ainda baladas esporádicas e itinerantes. Neste ano, foram mais de quarenta, a exemplo de uma série de folias no Rio de Janeiro na época da Olimpíada. Em uma delas, estava o medalhista Ryan Lochte (cuja conta totalizou 19 000 reais). Ao sair de lá, o nadador envolveu-se em uma confusão em um posto de gasolina e mentiu para a polícia, dizendo que tinha sido assaltado.
Outro evento do Cafe que repercutiu foi uma comemoração em Mônaco, durante o Grande Prêmio de Fórmula 1, em maio. Bateram cartão por lá o rapper 50 Cent e o astro teen Justin Bieber, que deu uma “palinha” aos convidados. O grupo de empresários que toca o negócio é velho queridinho de famosos. Suas festas recebem boleiros como Neymar, além de atores e modelos. Jared Leto, Lindsay Lohan, Sharon Stone, Kate Moss e Gisele Bündchen fazem parte da lista estelar.
O pagamento de cachê é incomum. No máximo, os organizadores alugam uma residência para acomodar a turma. Para a passagem deste ano foram convidados o cavaleiro Doda Miranda e o ator Caio Castro, entre outros. Um dos sócios, ao lado de Kadu Paes, Kako Perroy e Edu Poppo, Álvaro Garnero é quem costuma ciceronear o pessoal. Playboy dos velhos tempos, Garnero faz as vezes de mestre de cerimônias dos vips. “Sou o rosto do Cafe”, afirma, com sua conhecida modéstia.
A marca começou com uma casa noturna no Itaim Bibi, bairro onde fica seu atual escritório. Seguia o estilo de dining club. A ideia era o cliente chegar cedo, jantar e esticar a noite na pista. O ex-jogador Ronaldo, por exemplo, visitou o clube e ganhou os holofotes depois de fazer xixi em uma garrafinha na cozinha. Em outra ocasião, sertanejos que se divertiam no endereço resolveram subir ao palco para improvisar uma canção, entre eles Fernando & Sorocaba, Luan Santana e Paula Fernandes. “Se somasse, daria um cachê de mais de 2 milhões de reais ali”, lembra Paes.
Por problemas de alvará, o local fechou as portas no começo de 2013. Em abril, a filial paulistana deve retornar ao Itaim, mas em um ponto diferente, na Rua Jerônimo da Veiga. Com capacidade para cerca de 350 pessoas, funcionará igualmente como dining club, com a proposta de reunir uma clientela acima dos 35 anos. Estima-se que o investimento das casas da rede gira em torno de 5 milhões de reais. “Queremos atingir desde a classe B até a AAA”, afirma Perroy.
O Cafe cresce 30% ao ano. Em 2017, comanda com outros parceiros o camarote da Brahma no Carnaval do Rio. No segundo semestre, deve abrir um hotel-butique no Ceará, e há o plano de inaugurar outros três em até dez anos. Está em estudo ainda uma marca de roupa e uma de café gourmet, além de casas no exterior — um ponto provisório nos Hamptons, conjunto de vilas de luxo nos Estados Unidos, foi montado em 2016.
Nos negócios, os empresários se juntam a empresários locais. Nesse sistema, detêm treze clubes fixos e quatro temporários. Vivem recebendo mensagens de interessados em entrar na faixa. “Tem multimilionário que faz questão de pedir um convitinho”, diz Perroy. “É só pelo status de ser vip.”