Em cartaz a partir de 10 de fevereiro com a peça “A Construção”, adaptação de Franz Kafka, Caco Ciocler também pode ser visto nos cinemas no filme “2 Coelhos”, de Afonso Poyart e, na semana que vem, na televisão, em um episódio da minissérie “As Brasileiras”, da Rede Globo.
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Em entrevista à VEJINHA.COM, o ator conta mais sobre seus projetos, que incluem a participação no espetáculo “A Paixão de Cristo”, em Nova Jerusalém, como Judas.
VEJA SÃO PAULO – Como está sendo compor seu personagem na peça “A Construção”?
Caco Ciocler – “A Construção” é um espetáculo adaptado de um conto de Franz Kafka. O texto, em primeira pessoa, é descrito por uma criatura, uma espécie de toupeira que vive entocada. Faço este papel, mas com poucos recursos cenográficos: usamos apenas uma escrivaninha, uma folha e uma cadeira. Isso não muda. A sacada é que o público perceba a metamorfose do homem para este animal apenas com o desenvolver da encenação.
VEJA SÃO PAULO – Quais têm sido as suas fontes de inspiração?
Caco Ciocler â Este texto foi sugerido por meu analista, em uma sessão de terapia. Ele tem muito a ver com questões pessoais. Busquei inspiração em mim.
VEJA SÃO PAULO – Como “A Construção” se diferencia de “45 Minutos”, seu último monólogo?
Caco Ciocler â “45 Minutos” foi entendido por muitos como uma provocação e, por outros, como um espetáculo deficiente. Ele veio de um escritor pouco conhecido, Marcelo Pedreira, o que abriu caminho para este tipo de crítica. Não corremos esse risco ao adaptar um grande texto, como este de Kafka.
VEJA SÃO PAULO – Como começou sua parceria com o diretor Roberto Alvim?
Caco Ciocler â Na verdade, “A Construção” é um projeto meu, anterior a “45 Minutos”. Eu pensei em montá-la com o Gero Camilo, e não decidimos se eu ia dirigir e ele encenar ou vice-versa. O projeto acabou demorando, e eu fui chamado às pressas para substituir um ator em “45 Minutos”. Foi aí que conheci a estética de Roberto Alvim e percebi que ela era perfeita para “A Construção”.
VEJA SÃO PAULO – Por que você considerou a estética de Alvim ideal para a peça?
Caco Ciocler – Eu adoro o Gero Camilo, mas ele é muito solar. Acho que a estética do Roberto Alvim, mais soturna e escura, é melhor para contar a história de uma criatura que vive numa toca, se escondendo de possíveis invasores. A peça é bastante escura, na verdade.
VEJA SÃO PAULO – Como foi filmar “2 Coelhos”? E a relação com o diretor Afonso Poyart?
Caco Ciocler â Foi ótimo. Desde a filmagem já foi diferente pela estrutura do filme. Não estava acostumado, nunca havia feito nada igual. Este é o primeiro longa-metragem de Afonso. Ele estava muito apaixonado pelo projeto e possui toda a dominação técnica, mas era novo na relação com os atores.
VEJA SÃO PAULO – Você pretende fazer mais cinema em 2012?
Caco Ciocler â Ainda neste ano eu vou estar em “Disparos”, da estreante Juliana Reis. O filme deve ser exibido pela primeira vez no Festival do Rio, no segundo semestre. Também faço uma participação na nova versão de “Meu Pé de Laranja Lima”. O diretor criou um personagem novo na história só para mim. Vou estar também no novo filme de José Eduardo Belmonte, um road movie. Vou viajar do Nordeste até a Argentina para rodar o filme. Por fim, vou filmar “Dimenor”, da Tata e da Caru Amaral.
VEJA SÃO PAULO – E quanto à televisão. Vem novela nova por aí?
Caco Ciocler â Não que eu saiba. Não tenho tempo, por conta da viagem que vou fazer para filmar o novo longa de Belmonte. Mas apareço em um dos episódios da minissérie “As Brasileiras”, mês que vem.
VEJA SÃO PAULO – É verdade que o seu nome está confirmado para espetáculo “A Paixão de Cristo”, em Nova Jerusalém?
Caco Ciocler â Vou interpretar Judas. É um espetáculo muito interessante e emocionante. Mas ainda não recebi o texto. Passei dois dias na cidade para gravar o filme de divulgação da temporada e já foi muito legal.
VEJA SÃO PAULO – Como você administra a agenda cheia de compromissos?
Caco Ciocler â Não sei. Nunca tive períodos longos sem trabalho. Mas, quando você vai envelhecendo, aprende a reservar algum tempo para o descanso. Agora, com o lançamento do filme, estou a cada dia em uma cidade. É um período confuso, coisa que eu havia prometido não passar novamente. Tudo depende dos convites, no entanto. Mas tenho sido mais seletivo, pegando projetos mais pessoais.