Mesmo após pedidos da secretária de Cultura da cidade de São Paulo, Aline Torres, nenhum bloco de rua que resolveu desfilar neste fim de semana comunicou à subprefeitura da sua região. As informações são da Folha.
Em reunião com lideranças dos blocos na quarta-feira (20), ela pediu que os coletivos informassem às subprefeituras o local e o horário planejados, para que uma limpeza nas ruas seja feita no fim das atividades.
Em nota à Folha nesta sexta-feira (22), a Prefeitura de São Paulo disse que ninguém fez isso. “A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), informa que nenhum bloco de rua comunicou a intenção de ocupar as vias com desfiles”, diz o texto.
A reportagem procurou a administração municipal após constatar que a praça Aureliano Leite, na Água Branca, estava cheia de lixo na manhã desta sexta. Havia latas e garrafas de bebidas e restos de embalagem como plástico e papelão, além de cacos de vidro e preservativo.
Na noite de quinta, o bloco Baco do Parangolé reuniu foliões no local. A organização do coletivo contratou uma empresa para fazer a coleta de resíduos. Mas não foi suficiente diante da elevada quantidade de pessoas e, consequentemente, do lixo gerado.
“Eu trabalho aqui, passo de segunda à sexta nesse horário, e nunca vi a praça tão suja assim. Eu sabia da existência do bloco, mas essa sujeira é a primeira vez. O pessoal costuma caminhar aqui, passear com cachorro e isso atrapalha”, afirmou o técnico de informática Mário Conde, 53.
Em outros dois locais que receberam blocos nesta quinta, um na rua Barra Funda e outro na praça Rio Campos em Perdizes, não havia sujeira.
Lucineide Mesquita mora próximo da praça Rio Campos e elogiou o empenho dos responsáveis pelo bloco Saia da Chita. “O pessoal foi muito organizado, cauteloso e fizeram uma limpeza da praça ontem [quinta] à noite”, diz.
A manicure Maria Crispin, dona de um salão em frente à praça, trabalhou mesmo com o cortejo do bloco Saia da Chita. “Eles foram muito cuidados, consegui atender a clientela.”
No Carnaval de rua compete à prefeitura realizar todo o serviço de limpeza das vias públicas e instalar equipamentos como banheiros químicos, além de solicitar operações especiais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), da Polícia Militar e da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
Em janeiro deste ano, em razão da alta incidência de contaminação do coronavírus com a variante ômicron, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) cancelou a folia de rua.