Após a idealização do complexo de luxo Cidade Matarazzo, o empresário francês Alexandre Allard também pretende criar um boulevard verde dedicado a pedestres, com feira orgânica e Wi-Fi grátis, próximo à Avenida Paulista. Um túnel subterrâneo para carros e ônibus deverá ser construído na área entre as ruas São Carlos do Pinhal, Itapeva e Alameda Rio Claro. Entretanto, o projeto, batizado de Boulevard da Diversidade causa polêmica entre os moradores da região.
Com previsão de entrega para 2022, a obra tem previsão de custo de 130 milhões de reais, vindos da iniciativa privada, que poderá explorar o pedaço por trinta anos. O termo de cooperação da iniciativa foi assinado em 25 de setembro. “Vamos passar para debaixo da terra o trânsito, para na parte de cima termos um boulevard”, afirmou o prefeito Bruno Covas em nota da Secretaria Especial de Comunicação da Prefeitura. “É um ganho para a capital de São Paulo. Temos certeza que vai melhorar muito a região.”
Com o objetivo de ser integrada à Cidade Matarazzo – complexo de luxo em construção na Bela Vista, que reunirá lojas, restaurantes e hotel no antigo Hospital Umberto I –, a novidade ocupará 10 000 metros quadrados. A ideia, além de aumentar a utilização de espaços públicos, é promover projetos sociais. Serão realizadas parcerias com ONGs de capacitação de pessoas em situação econômica de vulnerabilidade para trabalharem na feira orgânica do local.
Moradores da região desaprovam falta de transparência
Membros da Associação de Moradores e Amigos do Bairro da Consolação e Adjacências procuraram o Ministério Público para pedir mais clareza e participação nas decisões do projeto. O grupo enfatiza que não está contrário à Cidade Matarazzo nem ao Boulevard da Diversidade, mas quer estudar o caso.
“Depois de sabermos da obra, fizemos um coletivo de vizinhos para poder analisar o máximo que pudéssemos. Terão prédios ilhados até o término das obras, mais o desvio do trânsito na Rua São Carlos do Pinhal até a construção do túnel. Queremos ser proativos, resolver os problemas”, explica Raphaela Galletti, advogada da associação. “Está tudo muito bonito nos slides. Nosso problema é a interferência na via pública de maneira pouco transparente.”
“Eles não têm a obrigação de só comunicar a Prefeitura, também precisam comunicar os moradores”, diz Marta Lilia Porta, presidente da associação. Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que foi realizada uma audiência pública, em maio, com moradores do pedaço. Uma segunda audiência pública está marcada para o dia 11 de novembro.
Sem previsão para início das obras, a Prefeitura, em nota, disse aguardar as emissões das licenças previstas para projetos deste tipo, englobando os órgãos de licenciamento de trânsito, de meio ambiente, de uso e ocupação do solo, entre outros.