Uma mulher de 39 anos disse nesta quinta-feira (14) que uma escola da Zona Sul de São Paulo se recusou a matricular seu filho de 5 anos pelo fato de ele ser autista. Em relato a Vejinha, a artesã Neilde da Silva Araújo Souza contou em detalhes o episódio que classificou como preconceito por parte da direção do Colégio Adventista do Campo Limpo.
Por estar insatisfeita com a antiga escola do pequeno Luiz Gustavo Araújo, Neilde decidiu trocá-lo de colégio. Até então, o garoto estava matriculado na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Campo Limpo, bairro onde moram. Frequentadora assídua da igreja adventista, a artesã optou por procurar a rede de ensino controlada pela denominação religiosa. A rede, que começou no Brasil em 1896, conta atualmente com 458 unidades espalhadas pelo país e cerca de 210 000 alunos.
Neilde contou ter ido três vezes à unidade da escola perto de sua casa. “Na primeira me apresentaram o colégio todo e passaram valores. Depois, pediram para voltar no outro dia para conversar com a coordenadora pedagógica. E voltei”, afirma. “Fizeram então uma avaliação de conhecimento com meu filho. E pediram para retornar no dia seguinte. A terceira vez foi nesta quarta-feira (13). Voltei com toda a documentação da matrícula em mãos. E a moça responsável falou que não tinham mais vagas para deficientes.”
Revoltada com a situação, a artesã disse ter insistido com a funcionária da escola, que acabou entrando em contato com a diretora. “Ela nos chamou para a sala dela e disse que era para a gente procurar uma escola para crianças especiais. E que lá ela não tinha vaga para o meu filho. Só para outras crianças”, diz a mãe de Luiz Gustavo.
A família vai registrar um Boletim de Ocorrência nesta quinta, alegando preconceito por parte da escola. Segundo informações contidas no site do Ministério da Educação, “qualquer escola pública ou particular que negar matrícula a um aluno com deficiência comete crime punível com reclusão de um a quatro anos”.
Neilde afirmou estar decepcionada e indignada com o colégio. “Meu filho é de grau leve. Tem potencial de estudar em qualquer colégio. Estou muito triste porque não aceitaram meu filho na escola que tanto sonhávamos”, diz. “Somos cristãos. E os adventistas dizem ter princípios cristãos. O que não vimos por lá”.
Em nota, o Colégio Adventista do Campo Limpo negou que tenha cometido preconceito e informou que, no momento que Neilde foi à escola, não havia mais vagas disponíveis.
“Todas as vagas de inclusão foram preenchidas pelos alunos veteranos, de modo que não foram abertas novas vagas para pessoas com necessidades especiais”, diz o texto. “O colégio pratica a inclusão, e em momento algum, agiu de forma discriminatória”.