Nove meses após o governo do Estado anunciar o reforço no policiamento na região da Cidade Universitária, na Zona Oeste, dados da Secretaria de Segurança Pública apontam crescimento no número de roubos até setembro deste ano.
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Moradores e estudantes do Butantã, nas imediações do portão 3 da Universidade de São Paulo, relatam que continuam sendo constantes os assaltos, muitos praticados por bandidos de motos e bicicletas que usam as ruelas e avenidas da região para fugir pela favela São Remo.
Mesmo após o governador Geraldo Alckmin anunciar em janeiro a entrada em operação de mais quatro unidades da Rocam (policiais de moto) no período das 5h às 15h e seis entre 15h e 23h, o número de roubos registrados no 51º DP (Butantã), entre janeiro e setembro, cresceu 20% em relação ao mesmo período de 2013. Foram 2 333 casos neste ano contra 1 948 no ano passado.
Já no 93º DP (Jaguaré), outra delegacia responsável pela região, registrou uma alta de 40% no mesmo período em relação ao ano passado. De 1 449 casos para 2 033.
Isso dá uma média de dezoito ocorrências do tipo por dia. Na capital, foram 604 casos diários no período.
“Essas molecadas de bike e de moto são muito rápidas quando você vê já levaram tudo”, diz a professora Sheila Aparecida da Cruz, de 39 anos, que em quatro meses já presenciou dezoito roubos pela rua ou na porta das casas.
“Às vezes tem um assalto e passa quarenta minutos tem outro”, diz ela que mora há apenas seis meses na região e já está procurando um novo apartamento para se mudar.
Ela e os vizinhos trocaram entre si números de contato e as placas de seus carros para caso sejam assaltados entrando ou saindo de casa ambos possam comunicar a polícia.
“Para sair de casa tem que olhar pela janela todos os dias porque às vezes eles ficam parados na espreita só esperando para te roubar”, diz Cruz.
A nutricionista Renata Leal, de 26 anos, teve a bolsa levada na semana retrasada por volta do meio dia e também já presenciou dezenas de assaltos. Para se precaver, mudou o horário de saída do trabalho para poder chegar mais cedo em casa.
“Ando sete quadras a pé. Tenho medo e fico olhando para tudo quando é lado”, diz.
O estudante de pós-doutorado de genética da USP, Vitor Aguiar, 28, saía do supermercado na última quinta (5), às 9h, e teve todos os seus pertences levados por dois homens, inclusive as compras.
“Justamente por essa violência ser rotina, eu havia deixado meu celular em casa, mas levaram minha carteira com todos os documentos e até a minha sacola com água, chocolate e frutas”, relata. “Disseram para eu sair correndo senão levaria um tiro. A sensação de insegurança é muito grande, então já estou vendo outros lugares para morar”. Dos seis colegas do laboratório de genética onde Aguiar desenvolve seus trabalhos, três já foram roubados nas últimas semanas.
O Conseg (Conselho de Segurança) do bairro afirma que parte do efetivo policial tem sido transferido para atuar na região do Campo Limpo (Zona Sul) deixando o bairro desfalcado.
Apreensão de motocicletas e bicicletas
O tenente-coronel Erico Hammerschimidt Junior, comandante do 16° Batalhão da Polícia Militar, informou em nota que o policiamento anunciado pelo governo estadual está mantido na região. “O que houve foi uma alteração na forma de policiamento preventivo e ostensivo. Por exemplo, o patrulhamento da Rocam foi intensificado, ampliando assim a presença policial na região”. Ele não respondeu sobre o desfalque relatado pelo Conseg.
O delegado Paulo Bittencourt, titular do 93º DP, diz que já foram apreendidas trinta motocicletas e dez bicicletas utilizadas para prática dos delitos, a maioria deles por menores que costumam agir em duplas.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as polícias Civil e Militar “batem seguidos recordes de prisões”. Nos últimos três meses, cerca de 3 500 pessoas foram presas na capital, de acordo nota enviada pela secretaria.
“A alta dos roubos é um fenômeno nacional, como aponta o recém lançado 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O documento mostra que os assaltos subiram em 22 das 27 unidades da federação em 2013. Em dezessete estados, os roubos cresceram mais do que em São Paulo”.