Em letras garrafais, anúncios de jornais alardeavam: “Escravo à venda”. As peças listavam as principais qualidades do criado, entre elas “sem vícios”, “sadio”, “bonita figura” e “apto para todos os serviços”. Até 1888, data da sanção da Lei Áurea, textos do tipo eram bastante comuns nas páginas dos periódicos. O exemplo, descabido para os dias atuais, mostra como a publicidade vive em constante adaptação. “É preciso acompanhar as mudanças. Elas chegam hoje pela rapidez e mobilidade da internet e do celular”, diz Nizan Guanaes, só cio-fundador do Grupo ABC, dono de agências como Africa, DM9 e Loducca.
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No Brasil, a propaganda surgiu no Rio com a mudança da família real para cá, em 1808. Logo depois, chegou a São Paulo. Começou com os classificados. Em seguida, os anúncios ganharam ilustrações e, com o tempo, aprimoraram-se por meio de elaborados desenhos coloridos, cujo objetivo era chamar atenção para as pechinchas. “A publicidade representa os hábitos de consumo de uma época e ajuda a formar o retrato de um período”, afirma Geraldo Alonso Filho, diretor do Instituto Cultural da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Nas próximas páginas, confira a evolução das peças, do fim do século XIX até os anos 50. Os anúncios inicialmente sofreram a influência da cultura europeia, tiveram depois um apelo nacionalista, até atingir o estilo americano.
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SÉCULO XIX
Para além de meros classificados, os anúncios ganham ilustrações em preto e branco e variedade de tipografas no fim do século.
ANOS 00
Pipocam as revistas, recheadas de desenhos coloridos. Espalha-se o estilo art nouveau, marcado pelas curvas.
ANOS 20
Com ar europeu, mulheres elegantes estampam páginas de perfumaria e moda.
ANOS 30
Época de instabilidade, surto industrial e apelo nacionalista. A profissionalização das peças ficava cada vez mais aparente.
ANOS 40
A II Guerra Mundial se refletiu nas propagandas. O uso de slogans se intensifca.
ANOS 50
O estilo de vida americano domina a publicidade, repleta de otimismo.