Há uma espécie de segunda intenção nos trabalhos da pintora mineira radicada em São Paulo Ana Prata, de 31 anos. Marcadas pelo excesso de luz, pinceladas próximas do cartum e cenas triviais, suas obras conseguem retratar momentos dramáticos sem transmitir peso ao espectador. É o caso do óleo “Canteiro”, em que, à primeira vista, um carro desgovernado parece ser apenas parte da paisagem. Depois de se observar melhor, percebem-se o movimento e a gravidade envolvidos naquela situação. Nos vinte quadros reunidos na mostra “E Também o Elevador, o Vulcão e o Jantar”, os temas variam bastante — vão de naturezas-mortas a imagens cotidianas — e revela-se constante a leveza com a qual a artista cria cada detalhe.
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Ao lado de nomes como Marina Rheingantz, Rodrigo Bivar, Bruno Dunley e Regina Parra, Ana integra uma nova geração que ganhou destaque ao retomar a tradição da pintura figurativa. Distinta do grupo em muitos aspectos, ela compartilha a relação com a linguagem da fotografia e compõe seus trabalhos inspirada em imagens prontas encontradas na internet. Até personagens de desenhos animados servem como ponto de partida, a exemplo da tela “Olivia e Popeye”. Nota-se na seleção o recorrente uso de grandes espaços vazios, tinta escorrida, cores naturalistas e contraste. Ana já realizou individuais no Centro Universitário Maria Antônia e no Centro Cultural São Paulo, ambas em 2009, e na Galeria Marilia Razuk, em 2010. Recentemente, participou da exposição comemorativa “Os Dez Primeiros Anos”, no Instituto Tomie Ohtake, onde está atualmente em cartaz.
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