Certo dia, logo ao amanhecer, o paulistano Eduardo Di Petta pediu que o filho Tiago, 9 anos, comprasse ovos para o café da manhã. O menino logo perguntou onde estava a sacola de pano, pois a de plástico, disponibilizada pelos estabelecimentos, prejudica o ambiente. Dono de uma consciência ambiental impressionante para a idade, o menino concorre ao prêmio de “aluno mais verde do planeta”, na Green School, em Bali (Indonésia), onde vive com os pais e a irmã mais nova há dois anos.
+ Cidade das Crianças: um blog de pais para pais
A missão da Green School (como diz o próprio nome – escola verde, em inglês) sempre foi incentivar uma mentalidade de preservação. Tanto que o modelo de educação em sustentabilidade rendeu à iniciativa o prêmio de escola mais verde do mundo em 2012, pela U.S. Green Building Council’s Center for Green School, uma ONG norte-americana.
Na intenção de eleger o “verde do verde”, o estabelecimento de ensino convidou então os estudantes a desenvolverem projetos de impacto ecológico. Os três melhores ganharão uma bolsa no valor de 13 000 dólares no colégio, onde a mensalidade custa cerca de 1 000 dólares. A votação é feita pela internet, neste site aqui.
Tiago Di Petta lidera – entre 55 candidatos – a disputa que termina nesta terça (4). Matriculado no terceiro ano do que corresponde ao Ensino Fundamental no Brasil, o menino nascido em Ubatuba, no litoral de São Paulo, é o único concorrente sul-americano. “Eu amo a minha escola, porque nela tudo é diferente. Aprendemos muito sobre a natureza”, conta.
Seu projeto visa combater o problema do lixo em Bali. Ele gravou um vídeo (que pode ser visto acima) no qual apresenta a sua ideia: divulgar o trabalho de Made Gandra, líder comunitário que criou um sistema de coleta local. “Se conseguirmos enviar essa mensagem para muitas outras escolas, vamos conseguir educar muita gente”, analisa o pequeno ambientalista.
O interesse de Tiago pelo tema vem dos pais, o jornalista Eduardo, 42 anos, e a fotógrafa Carolina, 36 anos. “Viemos para a Indonésia para uma viagem de seis meses e nunca mais voltamos ao Brasil. Ficamos apaixonados por este colégio frequentado por pessoas de mente muito aberta”, conta a mãe. “Sempre quisemos viver em um lugar assim.”
Respirar o ar puro enquanto estuda é uma das coisas de que Tiago mais gosta: “Não há paredes e os jardins dividem as salas”. A estrutura é construída em bambu e movida a energia de painéis solares. À beira de um rio, um campo de 20 hectares de hortas e florestas vira fonte dos alimentos consumidos pelos estudantes, que fazem as refeições em pratos de folha de bananeira.
Frequentam a instituição 300 alunos, vindos de cinquenta nações diferentes. Todas as matéria são ensinadas em inglês. Três vezes por semana, também há classes de bahasa, idioma oficial da Indonésia. A comunidade local não fica de fora, pois 20% das vagas são destinadas a bolsistas balineses. O artista canadense John Hardy fundou o local em 2006 e desde então o dirige.
A cada bimestre, professores de todas as disciplinas trabalham diferentes temas ecológicos, como o ciclo de vida das tartarugas. Além disso, às sextas-feiras, os estudantes se reúnem para uma “aula verde”. Na atividade atual, Tiago cuida de três plantinhas. Uma delas é tratada com muito carinho e recebe água e palavras de amor. A segunda, embora seja regada, não tem atenção. A terceira, por fim, é desprezada. “Queremos ver se elas vão crescer de forma diferente”, explica o candidato, que pretende ser artista quando crescer e se tornar um líder mundial na preservação da natureza.